Categoria: Martinho Lutero
Imagem: A Última Confissão de Lutero de William Pape - booklooker
Publicado: 24 de Dezembro de 2015, Quinta Feira, 14h13 - 1 comentário
Apologistas e meros editado[1] católicos não cansados em caluniar Lutero como um blasfemador, homicida, herege, e alcoólatra, também andam a espalhar que o reformador teria se suicidado, seja por ter sido de tanto beber, ou por ter se enforcado. Na verdade nenhum historiador honesto ousa afirmar isso, nem mesmo os primeiros biógrafos de Lutero que eram inclusive católicos insinuaram levianamente essa hipótese. Mais de 40 anos depois da morte de Lutero boatos lendários começaram a surgir e foram prontamente refutados por peritos, historiadores e escritores tanto protestantes quanto católicos que se indignaram com as histórias inventadas acerca do suposto suicídio de Lutero.
Mas, como surgiu o boato e como se desenvolveu a lenda? A propagação da mentira se deu pelo padre Majunke cerca de 300 anos depois da morte de Lutero se baseando em relatos sem qualquer credibilidade supostamente colhidos por Thomas Bozio em 1591. Ambos foram esmagadoramente refutados em suas respectivas épocas com provas testemunhais e legalmente registradas.
Séculos depois, um historiador e biografo muito citado pelos católicos para caluniar Lutero, em sua obra Martim Lutero, diz:
“Os dois médicos, que o tinham tratado nos últimos momentos, não puderam chegar a um acordo sobre a causa de sua morte, opinando um por um ataque de apoplexia, outro por uma angina pulmonar.” (FUNCK-BRENTANO, Frantz. Martim Lutero. 3. ed. Rio de Janeiro: Vecchi, 1968, p. 277.)
Tal afirmação já seria o suficiente para derrubar a alegação de que Lutero teria se suicidado, ainda mais sendo testificada por um site de apologética católica como o Vertitatis (aqui). Mas ainda assim costumeiramente de maneira virulenta alguns ainda levantam tal suposição de suicídio, e contra isso vamos aos fatos já documentados e aceitos como incontestáveis.
O autor da lenda:
“O livro de Thomas Bozio, De signis ecclesiae [Os sinais da Igreja] (Roma, 1591), foi a primeira representação literária da lenda sobre o suicídio de Lutero que suscitou uma vigorosa controvérsia sobre a morte de Lutero que continuou até cerca de 1688. Os protestantes contribuíram com nove, e os polêmicos católicos com vinte e seis trabalhos. A controvérsia foi novamente posta em debate apenas em 1889 por Majunke, porém Majunke foi refutado tão completamente por Nikolaus Paulus em 1896 que a lenda tem raramente se aventurado a mostrar-se na literatura mais uma vez” [Heinrich Boehmer, Lutero e a Reforma na Luz de Investigação Modern (Londres:. G. Bell and Sons LTD, 1930) pp 361-362].
O propagandista da lenda:
“A história do suicídio de Lutero foi revivida por P. Majunke (RC) em seu Lebensende [Fim da Vida], Mainz de Lutero, 1890; . 5º ed, 1891. Ele foi refutado por [protestantes]: E. Bliimel em Luthers Lebensende, Barm de 1890.;
G. Kawerau, em Lebensende de Lutero, Barm de 1890.;T. Kolde, em Luthers Selbstmord, Leipz de 1890.; G. Rietschel, em Luthers sel. Heimgang, Halle, 1890;FW Schnbart, em Wie starb M. Luther, Dess., 1892. Após uma investigação exaustiva de todas as provas, um estudioso católico romano, W. Panlus, em sua obra Luthers Lebensende nnd der Eislebener Apotheker, Mainz, 1896 (see Th. Litz., 1897, No. 11) e, especialmente, em seu trabalho Luthers Lebensende, Freib. i. B., 1897, chegou a mesma conclusão que os adversários protestantes de Majunke e dá um golpe final para a lenda. Philip Schaff dá um resumo do caso em seu artigo “Did Luther Commit Suicide?” no Mag. da Chr. Lit., N. Y., dezembro de 1890, 161 ff. [fonte].“
Refutando a Lenda sobre o Suicídio de Lutero:
Durante o curso de 1890, o Rev. Paul Majunke um padre católico romano de Hochkirch, próximo a Glogau ou no leste da Prússia, publicou um trabalho sobre “O Fim da vida de Lutero” (Mainz, Kupferberg, 1890).
Majnnke então, um padre, anteriormente era editor do jornal Germania e outros jornais católicos romanos, e um membro da Câmara dos Deputados da Prússia, e do Reichstag alemão. No panfleto referido ele tentou provar por “investigação histórica” que Lutero, como normalmente se acreditava, não morreu de morte natural mas, cometeu suicídio e que o fato foi escondido por aqueles que conheciam a verdade do fato. O panfleto de Majunke causou muita alegria em círculos ultramontanos, tendo muitas tiragens de panfletos e artigos.
O professor Kostlin de Halle, professor Eawerau de Kiel, e o professor Kolde de Erlangen, com outros, no entanto, demoliram com sucesso a “casa construída sobre a areia”, e a história “engenhosamente arquitetada” foi exposta. Majunke publicou uma resposta ao Prof. Kolde e seus outros críticos, intitulada Die Historische Kritik über Luthert Leben Ende (Mainz, 1890). A réplica do Professor Erlangen, Noch einmal Luthers Selbstmord, foi esmagadora.
A morte de Lutero teve lugar na manhã de 18 de fevereiro de 1546. O evento foi inesperado, e sua morte repentina foi muito comentada em diante, não só pelos amigos, mas pelos inimigos da Reforma. Uma descrição professada dos incidentes relacionados com o exame do corpo do Reformador por Civis Manefeldensii tomada de maneira rude, é dada pelo primeiro biógrafo Católico Romano de Lutero, Cochlaeus, nas edições posteriores da obra, De Actit et Seriptit Lutheri, publicado em 1565 e 1567 que não se encontra na primeira edição, publicada em 1549. Mas, mesmo a descrição de um correspondente anônimo não sugeriu Lutero tendo cometido suicídio.
O Professor Kolde prova conclusivamente que nenhum historiador católico romano do século XVI se aventurou em expressar qualquer dúvida a respeito da veracidade da “história” elaborada pelo Dr. Justus Jonas e os amigos presentes na ocasião. São os historiadores católicos romanos desse século, que estão cheios de tais expressões de caridade como que “ele entregou sua alma ao diabo”, e que ele “desceu a Satanás”. Escritores romanistas do próximo século retratam Lutero como tendo morrido em torturas, ou que, como Arius, derramou suas entranhas.
Majunke afirma que a única descrição do final de Lutero que os biógrafos dele usaram é a “história” elaborada pelo Dr. Justus Jonas. A declaração, como Kolde aponta, é falsa. Justus Jonas elaborou uma carta ao eleitor às quatro horas da manhã, nem duas horas após Lutero ter expirado. Essa carta afirma que estavam presentes na sua morte o Perito Judicial, Coelins, J. Jonas, dois filhos mais novos de Lutero, Paul e Martin, seu servo Ambrósio, seu senhorio Hans Albrecht, o tabelião, o conde Albrecht de Mansfeld e sua esposa, Conde Schwarz- von burg, e dois médicos.
Duas cartas são sobreviventes, escritas também ao mesmo tempo para o eleitor pelo próprio conde Albrecht a ele mesmo, e pelo Príncipe Wolfgang de Anhalt. Outra carta, escrita no mesmo dia, por Aurifaber, aumenta o número de testemunhas oculares para dezesseis, entre os quais estavam Aurifaber, ele mesmo e o Conde Hans George de Mansfeld, desde o último dos quais também há uma carta escrita no mesmo dia para o Duque Mauricio da Saxônia. Além disso, há outra carta escrita no mesmo dia por J. Friedrich, Conselheiro de Eisleben, a seu tio, o bem conhecido J. Agrícola. Friedrich não era uma testemunha ocular, mas ele dá a opinião médica dos médicos, que atribuiu a morte a um ataque de paralisia, causada pelo fechamento de uma ferida na perna a partir do qual o reformador sofreu durante anos.
O perito judicial, Coelius, entregou em 20 de fevereiro o primeiro discurso no túmulo, no qual ele menciona que o cadáver do Reformador tinha sido visto por um grande número de pessoas, que se aglomeravam para ver os seus restos mortais quando o triste acontecimento foi anunciado. Algum tempo depois, a “história” ou Relatório da morte cristã de Lutero foi elaborado a pedido do eleitor por J. Jonas e M. Coelius. Os fatos referidos no Relatório são confirmados por elementos de prova já referidos, todos os quais são totalmente suprimidos por Majunke.
Quarenta e três anos após a morte de Lutero, Thomas Bozius em 1593 afirmou em seu De Signa Eccleiiœ, que tinha ouvido a partir do testemunho de alguém que tinha quando era garoto, sido um servo de Lutero, que Lutero se enforcou com uma corda. O mesmo escritor afirma que vários dos reformadores tiveram mortes horríveis. Johannes Oekolampad foi estrangulado, Calvino morrera de uma terrível doença, enquanto um demônio horrível assustou todos aqueles que estavam presentes no leito de morte de Martin Bucer.
Bozius é a primeira autoridade em que Paul Majunke recorre. Um relato mais completo é dado por Sednlius, em sua Prcetcriptionei adtv Heresies(Antwerp, 1606), 60 anos depois da morte de Lutero, que é reproduzido como a autoridade mais completa e mais confiável no panfleto de Majunke, pp. 95-97. O nome do informante, no entanto não é dado, e o escritor mostra sua aptidão para o trabalho de um historiador, por estabelecer como igualmente confiável outra descrição (suprimido sem aviso prévio por P. Majunke), por um homem cujo nome é dado, Tileman Bredebach, escrito em 1587, que afirma que:
“todos os endemoninhados, em seguida, no santuário de St. Dymna em Brabant na esperança de ser curado por esse santo, foram libertados dos maus espíritos no dia em que Lutero foi enterrado, e foram novamente possuído pelos espíritos malignos no dia a seguir; a razão de ser, como descoberto por devidos interrogatórios, foi que o príncipe dos demônios convocou-os para assistir ao funeral de Martinho Lutero, o que fizeram na forma de corvos, que em números incríveis acompanharam o cadáver de Lutero ao seu último lugar de descanso!“
Tais são as autoridades de Majunke tão citadas e reproduzidas erroneamente pelos romanistas sem nenhuma base histórica e todas fantasiosas e lendárias. Outras graves imprecisões de fato abundam no seu trabalho. É importante colocar essas distorções no registro, pois tais acusações são muitas vezes criadas por aqueles que desejam depravar o caráter dos reformadores.
Att: Elisson Freire.
Fonte: James Swan - Luther's Suicide (Beggars All) / Traduzido e editado por Elisson Freire - Resistência Apologética. / Agradecimentos: Fabio Jefferson / Edições realizadas por Marcell de Oliveira: [1] A palavra foi editada por ser ofensiva.