LUTERO ERA UM ASSASSINO QUE SE TORNOU MONGE PARA FUGIR DA CONDENAÇÃO DE HOMICÍDIO?


Categoria: Martinho Lutero
Imagem: Julgamento de Lutero, imagem meramente ilustrativa - Resistência Apologética
Publicado: 22 de Dezembro de 2015, Terça Feira, 21h45 - 4 comentários

Lutero entrou no Convento para não ser submetido à justiça criminal, cujo resultado teria sido, provavelmente, a pena de morte, por ter matado em duelo seu colega de estudos chamado Jerônimo Buntz.

Um dos homens mais mal citados e deturpados da história, sem dúvida alguma é Martinho Lutero. Existe um falacioso arsenal de pseudo-citações e ações atribuídas a ele, formando uma verdadeira propaganda caluniosa perpetrada por católicos romanos em nossos dias como nunca houve antes.

Aqui, irei expor mais uma delas, o que servirá de resposta a este vídeo católico (aqui). Tal vídeo nos oferece a oportunidade de mostrar como os católicos são copiosamente desonestos e fraudulentos. Ignorantes até o mais profundo de suas almas paganistas que fazem de tudo para defender suas heresias, simplesmente caluniando quem os contraria.

Desta vez, lidamos com a caluniosa difamação de que Lutero era um assassino e que teria entrado para o convento, apenas para fugir da condenação por ter assassinado um colega.

Tal alegação que se encontra em diversos sites católicos, e é exposta no vídeo como “A Face Oculta de Lutero“, se baseia em suposições e especulações do Dr. Dietrich Emme. Todos os sites católicos que abordam este tema (como esse aqui), trazem Emme como fonte.

Vejamos o que os católicos se baseando em Emme dizem:

A – Lutero homicida: O Dr. Dietrich Emme, em seu livro: “Martinho Lutero – sua juventude e os seus anos de estudos, entre 1483 e 1505“, Bonn, 1983, afirma que Lutero entrou no Convento só para não ser submetido à justiça criminal, cujo resultado teria sido, provavelmente, a pena de morte, por ter matado em duelo um seu colega de estudos chamado Jerônimo Buntz. Daí o seu “medo da morte” ao qual se referia freqüentemente. Então um amigo o aconselhou a se refugiar no Convento dos Eremitas de Santo Agostinho, que então gozava do direito civil de asilo, que o colocava ao abrigo da justiça. Foi aí que se tornou monge e padre agostiniano.

Refutação:
Alguns pontos interessantes que detonam de vez mais esta calunia contra Lutero:

1 – O consenso geral e aceito por honestas e credíveis fontes é de que Lutero teria entrado para o convento depois de um voto feito após uma tempestade onde ele e um amigo de duelos, teriam sido atingidos por um raio, o que levou ao falecimento de seu amigo.

2 – Se caso Lutero tivesse matado alguém, jamais teria se tornado monge agostiniano pois o crime de homicídio seria um impedimento canônico para o seu sacramento na ordem. Ademais, seus adversários não teriam perdido tal oportunidade para lança-lo as grades já que o motivo do mosteiro agostiniano gozar de certos privilégios, era devido a imunidade papal conferida a ordem agostiniana, ou seja, O MOSTEIRO RESPONDIA UNICAMENTE AO PAPA, e estava sujeito apenas as leis de Roma. Portanto, mesmo que se passassem anos, Roma teria todo direto de condena-lo de imediato, o entregando as autoridades civis tivesse mesmo ele cometido este crime.

3 – Um dos maiores inimigos de Lutero e seu biografo polemista contemporâneo não teria poupado esforços em por fim a carreira de Lutero. Trata-se de Johannes Cochlaeus, que estava à procura de dados sobre a carreira monástica de Lutero, evidentemente se tal fato fosse verdade, Cochlaeus não teria perdido tamanha brecha em aniquilar a reputação de Lutero.

4 – A teoria de que houve um duelo ocasionando a morte de seu amigo por ele mesmo, se baseia em uma tabela de comentários de Lutero onde ele diz: “Com o plano singular de Deus, eu me tornei um monge, de modo que eles não iriam me capturar. Caso contrário, eu teria sido capturado com facilidade. Mas eles não foram capazes de fazê-lo, porque toda a Ordem, cuidou de mim.” (D. Martin Lutero Werke: kritische Gesamtausgabe [Weimar Edition]: Tischreden, vol 1 [Weimar: Hermann Böhlaus Nachfolger de 1912].., P 134 , n. 326). Contudo tal frase acima especulada por Emme, refere-se à proteção da ordem agostiniana estendida sobre Lutero em 1518, e não uma suposta fuga da acusação para o duelo em 1505.

5 – Quando Lutero se refere ao medo da morte e ser perseguido, ele está se referindo exatamente aos eventos relacionados a sua conversão ao convento e mais tarde a sua luta com Roma.

6 – Duelos eram muito comuns por parte dos universitários, eram públicos e se tratavam de debates. Os relatos mais confiáveis mencionam que um amigo de duelos teria morrido após ser atingido por um raio e que o mesmo ocorreu a Lutero, e daí ele faz seu voto de entrar na vida monástica.

Portanto, tem de ser muito editado[1] pra interpretar isso como “Lutero matou um amigo em duelo e depois fugiu pro convento“.

Além destes 6 pontos que eu exponho acima, é preciso informar ainda que as alegações de Dietriche Emme não passam de especulações que nem mesmo católicos mais sérios dão credito. Até mesmo o apologista católico mais copiado da internet, o Dave Armistrong, afirma que a alegação é por demais rebuscada, especulativa e de uma hipótese instigante. O mesmo aborda esta questão em seu blog oficial (aqui).

Fazendo uso de diversas fontes sobre o tema, Armstrong cita Roland Bainton, Heiko A. Oberman, Martin Brecht, Gordon Rupp, Henry Worsley, J. Wylie e B. Sears além de diversos outros historiadores e biógrafos e por fim, ao citar Dietrich Emme, o mesmo se diz espantado com tanta especulação jamais imaginada antes e que é todavia a mais “fascinante”, “criativa” ou “inventiva” de todas as histórias acerca da vida pré-monástica de Lutero.

Além disto Dave Armistrong relata que as objeções de Dietriche Emme encontradas na internet, são dispersas e incompletas, um dos principais motivos é devido a obra estar em Alemão, não tendo publicações em inglês, logo, bem difícil um romanista brasileiro como estes daqui, terem mesmo alguma ideia de quais sejam as reais objeções de Emme, se é exatamente expor Lutero como um homicida de fato comprovado, ou apenas levantar especulações à abertura de novas discussões.

Armistrong faz ainda uso de expor o que seria o consenso geral e aceito sobre os motivos reais de Lutero ter entrado na vida monástica. E faz isso citando um dos mais conceituados historiadores como Philip Schaff:

No verão de 1505 Lutero entrou para o convento agostiniano em Erfurt e se tornou um monge, como ele pensou, para o seu tempo de vida. As circunstâncias que levaram a esta etapa repentina nós reunimos de suas declarações fragmentadas que foram embelezados por tradição lendária.

Ele ficou chocado com a morte súbita de um amigo (depois chamado Alexius), que ou foi morto em um duelo, [Mathesius: “da ihm ein guter Gesell erstochenenfermaria.”] Ou fulminado por um raio ao lado de Lutero.

Pouco depois, na segunda de julho de 1505, duas semanas antes de sua decisão importante, ele foi ultrapassado por uma violenta tempestade perto de Erfurt, no seu regresso de uma visita a seus pais, e estava tão assustado que ele caiu por terra e tremendo exclamou:

“Ajudai-me, Saint Anna e eu me tornarei um monge!”

. . . . O próprio Lutero declarou em anos posteriores, que o seu voto monástico foi forçado por ele e por terror e do medo da morte e do juízo vindouro; no entanto, ele nunca duvidou de que a mão de Deus estava nele. [Philip Schaff, História da Igreja Cristã, Vol. 7: Ch. 2: “Formação de Lutero para a Reforma (1483-1517),” § Conversão de 20. Lutero]

A própria Enciclopédia Católica nos oferece um dos motivos do porque Lutero teria entrado para o convento, e nada tinha a ver com crimes de Lutero e sim com as surras que ele constantemente levava de seus pais. Por mais extraordinário que seja, é exatamente isto, Lutero queria fugir das surras domésticas. E esse é o máximo de credibilidade quanto aos seus motivos que uma fonte católica pode nos oferecer.

No verbete sobre Lutero a Enciclopédia Católica diz:

Extrema simplicidade e severidade inflexível caracterizou sua vida em casa, de modo que as alegrias da infância eram virtudes desconhecidas para ele. Seu pai o bateu uma vez tão impiedosamente que ele fugiu de casa (…). Sua mãe [afirma Lutero], “por causa de uma porca insignificante, me bateu até o sangue fluir, e foi essa aspereza e severidade da vida que levava com eles que me forçou posteriormente fugir para um mosteiro e me tornar um monge.” A mesma crueldade foi a experiência dos seus primeiros dias de escola, quando em uma manhã ele foi punido não menos que quinze vezes.

A entrada súbita e inesperada de Lutero para o agostiniano mosteiro em Erfurt ocorreu 17 de julho de 1505. Os motivos que levaram a etapa são diferentes, conflitantes, e o assunto do debate considerável. Ele próprio alega, como acima referido, que a brutalidade de sua vida, a casa e a escola, o levou para o mosteiro.

Hausrath, o seu mais recente biógrafo e um dos especialistas mais eruditos sobre Lutero, sem reservas inclina a esta crença. A “casa em Mansfeld, mais repelia do que o atraía” (Beard, “Martin Luther eo Germ. Ref.”, Londres, 1889, 146).

Quanto a pergunta “Por que Lutero foi para o mosteiro?

A resposta que o próprio Lutero dá é a mais satisfatória “(Hausrath,” Luthers Leben “Eu, Berlim, 1904, 2, 22). Ele se vê novamente, em uma carta a seu pai, na explicação de sua defecção da Igreja, escreve: “Quando eu era oprimido aterrorizado pelo medo da morte iminente, eu fiz um involuntário e forçado voto”.[Fonte: Ganss, Henry. “Martin Luther.” The Catholic Encyclopedia. Vol. 9. New York: Robert Appleton Company, 1910.]

E não é apenas isto que uma das maiores fontes católicas de informação nos traz. Continuando sobre os motivos que levaram Lutero a entrar no mosteiro ela diz:

Várias explicações são dadas desse episódio.

Melancthon atribui o seu passo a uma profunda melancolia, que atingiu um ponto crítico, “quando ao mesmo tempo, ele perdeu um dos seus camaradas por uma morte acidental” (Corp. Ref., VI, 156).

Cochlaeus, adversário de Lutero, refere “que ao mesmo tempo ele estava tão assustado em um campo por um raio como é comumente relatado, ou estava em tal angústia com a perda de um companheiro que foi morto no meio da tempestade, que, em um curto espaço de tempo para o espanto de muitos pessoas, procurou a admissão à Ordem de Santo Agostinho“.

Mathesius, seu primeiro biógrafo, atribui-lo [sua entrada ao monastério] para o “esfaqueamento de um amigo e uma terrível tempestade com um trovão fatal” (op. Cit.)

Seckendorf, que fez uma pesquisa cuidadosa, seguindo Bavarus (Beyer), discípulo de Lutero, vai um passo mais longe, chamando este desconhecido amigo, de Alexius, e atribui sua morte a um raio. (Seckendorf, “Ausfuhrliche Historie des Lutherthums”, Leipzig, 1714, 51).

D’Aubigné muda este Alexius em Alexis e ele foi assassinado em Erfurt (D’Aubigné, “História da Reforma”, New York, sd, I, 166).

Oerger (“Vom jungen Luther”, Erfurt, 1899, 27-41) tem provado que a existência deste amigo, seu nome Alexius ou Alexis, sua morte por raios ou assassinato, é uma mera lenda, destituída de toda verificação histórica.

Kostlin-Kawerau (I, 45) afirma que ao retornar de sua casa em Mansfeld ele foi ultrapassado por uma terrível tempestade com um flash do relâmpago alarmante e raio. Aterrorizado e oprimido ele clama:. ‘Ajuda, St. Anna, eu vou ser um monge‘.

A história interna da mudança é muito menos fácil de narrar. Não temos nenhuma evidência contemporânea direta em que confiar, enquanto reminiscências próprios de Lutero, em que nós principalmente dependemos, necessariamente coloridos por suas experiências e sentimentos posteriores” (Beard, op . cit., 146). [Fonte: Ganss, Henry. “Martin Luther.” The Catholic Encyclopedia. Vol. 9. New York: Robert Appleton Company, 1910.]

Note acima que eu ofereço objeções e as sustento com fontes católicas bem confiáveis, e ambas afirmam que isto é tudo o que podemos saber sobre os motivos que levaram Lutero ao convento. Nenhuma delas confirma que Lutero era um homicida antes de entrar no monastério. Aliás, como eu disse, toda essa caluniosa especulação sobre ele ter matado um colega duelista, não passa de hipóteses mal elaboradas sobre evidências pouco convincentes e mal interpretadas que nenhum católico honesto e sério deveria levar a adiante.

Caso ainda existam católicos editado[2] que insistam nesta mentira, sugiro que se atenham com vossos papas assassinos e sanguinários já que buscam a quem julgar. Este crime em Lutero vocês não irão encontrar, ainda que encontrassem, nada poderiam falar. Quem se assenta na cadeira de Pedro e se diz substituto de Cristo e o doce Cristo, o chefe da igreja Santa, não é Lutero que mais poderia ser um santo romanista se comparado com seus papas da renascença.

E assim, dou por refutada esta lamuria romanista tão propagada internet a fora por editado [3] catolicismo romano.

Att: Elisson Freire

Nota: O vídeo – A Face Oculta de Lutero – tem uma primeira resposta aqui neste (link). Para mais refutações, vide a sessão Lutero e mais artigos na tag Refutações.

 

Fonte: Resistência Apologética / Agradecimentos: Fábio Jefferson / Edições realizadas por Marcell de Oliveira - [1] A palavra foi editada por ser ofensiva. [2] A palavra foi editada por ser ofensiva. [3] A palavra foi editada por ser ofensiva.


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4# "Lutero é um herege e transformou MTS pessoas em um ... A história admira ele do mesmo jeito q admirou os comunistas, pq são revolucionários." - Kathleen, 12 de Setembro de 2020, Sábado, 18h34

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3# "O pai dos protestantes vocês sabem quem é." - Anônimo, 01 de Janeiro de 2018, Segunda Feira, 23h11

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2# "Não podemos generalizar e acusar todos os católicos desse falso testemunho. Na verdade, são poucos os católicos que fazem tal acusação a Lutero. Infelizmente é próprio do ser humano atacar pessoas para tentar fazer descrer suas ideias, e tanto católicos como protestantes, infelizmente, fazem uso de tal ardil." - Luterano, 21 de Dezembro de 2017, Quinta Feira, 23h30

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1# "Golpeiem, matem e esfaqueiem, secreta ou abertamente, lembrando que nada pode ser mais venenoso, nocivo ou diabólico do que um rebelde (Martinho Lutero ), pág. 162, História da Igreja, Vol. 2, de Hohn D. Woodbrige e Frank A. James III, Editora Central Gospel, jun. 2017. Declarações de Lutero sobre a Revolta dos Camponeses, validando as ações de autoridades Luteranas que massacraram mais de 100 camponeses." - Antônio João da Silva, 25 de Outubro de 2017, Quarta Feira, 15h07

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