Categoria: Martinho Lutero
Imagem: São Tiago e Lutero - Protestantismo.com.br
Publicado: 10 de Julho de 2015, Quarta Feira, 15h39
Prezados,
Graça e Paz
Martinho Lutero era um homem do seu tempo, era uma pessoa rude de se expressar. Se colocarmos Lutero nos dias de hoje e travarmos um debate com ele, é capaz de nos insultar caso discordarmos dele. Ele é capaz de nos chamar de “hereges idiotas”, “patéticos”, entre outras palavras de baixo calão. E, infelizmente, a grande maioria dos apologistas católicos acabam que aproveitando essa maneira um pouco que ignorante de Lutero, para isolar pequenas frases diante de sua vasta obra e tachá-lo de “blasfemador”, “filho do demônio”, “herege revoltado”, etc. Eles pegam essa oportunidade e acabam que criando pretextos gigantescos transformando a mentira em verdade.
Portanto, através deste artigo, gostaria de falar sobre uma polêmica envolvendo Lutero e a Epístola de S. Tiago. Martinho Lutero tinha dito que se compararmos a Epístola de S. Tiago com os outros livros das Sagradas Escrituras, veríamos que a epístola em si é como uma “palha”. Desde então, os anti-protestantes acabaram que levantando um troféu nos debates devido a essa opinião de Lutero. Triste não? Eu também ficaria do lado deles se eu não pesquisasse a história por completo.
Em busca do contexto onde Lutero formou essa opinião, encontrei o Portal Luteranos.
“No prefácio à tradução do Novo Testamento, em 1522, Lutero afirma:
O evangelho de João e sua primeira epístola, as epístolas de Paulo, especialmente Romanos, Gálatas e Efésios, e a primeira epístola de Pedro são livros que te mostram Cristo e te ensinam tudo o que é necessário e salvífico conhecer, ainda que jamais vejas ou escutes outro livro ou doutrina. Por isso a epístola de Tiago, comparada com eles, é realmente uma epístola de palha, já que não há nenhuma característica evangélica nela.
Na segunda edição Lutero retirou a expressão epístola de palha (refugo). Sua conceituação de Tiago transparece melhor no prefácio à própria carta, também em 1522:
Mesmo que tenha sido rejeitada pelos antigos, eu louvo esta epístola e a considero boa, pelo fato dela não propor doutrina humana, e por promover duramente a lei de Deus. Para dar minha opinião, porém, sem prejuízo de ninguém, considero-a não escrita por apóstolo. Primeiro porque, contrariamente a Paulo e toda a Escritura, ela dá justiça às obras… Segundo, porque ao querer ensinar a cristãos, não lembra em sua longa doutrina o sofrimento, a ressurreição, o Espírito de Cristo… Tiago não faz outra coisa do que instar para a lei e suas obras, misturando tão confusamente uma coisa na outra que imagino que tenha sido algum homem bom e piedoso que captou alguns ditos de discípulos dos apóstolos e assim os lançou sobre o papel… Designa a lei como lei da liberdade (1.25), sendo que Paulo a chama de lei da servidão, da ira, da morte e do pecado (Gl 3.23s e Rm 7.11,23)… Em suma, ele quis combater os que confiavam na fé sem obras, e foi fraco demais. Quer alcançá-lo pela promoção da lei, quando os apóstolos o conseguem atraindo para o amor. Por isso eu não posso colocá-lo entre os livros principais, mas com isso não quero impedir ninguém a fazê-lo, e a destacá-lo como lhe apetece, pois no mais contém muitas boas afirmações.
Lutero, pois, soube relativizar sua própria opinião e demonstrou uma objetividade que faltou (e falta) a seus seguidores quando põem de lado a carta e mensagem de Tiago. Numa conversa sobre a mesa Lutero disse, talvez em tom de brincadeira, ou não: Hoje ou amanhã vou acender um grande fogo com o pequeno Tiago (apud Hulme, p. 3). Hoje há releituras teologicamente ricas e criativas da carta de Tiago que agrupam seu conteúdo por unidades temáticas (Hulme, Sarker Glaube, Tamez), como, aliás, é recomendável fazer com a literatura sapiencial, p. ex. Provérbios.” – Portal Luteranos.
Deus os abençoe,
Marcell de Oliveira