O CATECISMO DE WESTMINSTER (1642-1648)


Categoria: Historiografia
Imagem: Catecismo de Westminster - The Gospel Coalition
Publicado: 15 de Março de 2014, Sábado, 22h23

Alderi Souza de Matos

Após concluir a Confissão de Fé, a Assembléia de Westminster concentrou-se na elaboração de um catecismo. Com o tempo, surgiu o consenso de que seriam necessários dois textos, “um mais exato e abrangente e outro mais fácil e breve para principiantes”. O maior destinava-se à exposição no púlpito, ao passo que o breve seria voltado para a instrução de crianças e adolescentes. O Catecismo Maior (1647) teve como principais redatores Herbert Palmer, autor de um aclamado catecismo publicado em 1640, e Anthony Tuckney, um erudito professor de teologia da Universidade de Cambridge. Além do Catecismo de Palmer, seu conteúdo doutrinário baseou-se no “Compêndio de Teologia” do bispo James Ussher e nas conclusões da própria Confissão de Fé. O Breve Catecismo (1648) foi preparado por uma pequena comissão, na qual se destacaram o já mencionado Tuckney e o brilhante matemático e teólogo de Cambridge John Wallis, um amigo íntimo de Herbert Palmer.

Os catecismos, especialmente o Breve, demonstram a mesma concisão, precisão, equilíbrio e abrangência da Confissão de Fé. Nenhum deles tem o espírito caloroso e pessoal do Catecismo de Heidelberg, mas algumas de suas respostas são igualmente memoráveis e edificantes. Ambos são estruturados em duas partes: (1) o que devemos crer a respeito de Deus e (2) quais os deveres que Deus requer de nós. A primeira parte recapitula o ensinamento básico da Confissão de Fé sobre a natureza de Deus e sua obra criadora e redentora; a segunda parte contém uma exposição do Decálogo, a doutrina da fé e do arrependimento, e os meios de graça, concluindo com uma exposição da Oração do Senhor. O Catecismo Maior tem 196 perguntas. Suas respostas, por vezes bastante longas, são admiravelmente claras, constituindo um complemento e comentário da Confissão de Fé. A pergunta inicial indaga: “Qual é o fim supremo e principal do homem?”. A famosa resposta afirma que esse fim é “glorificar a Deus e gozá-lo para sempre”.

O Breve Catecismo, contendo 107 perguntas e respostas, é considerado uma obra-prima por sua estrutura harmoniosa, instrução condensada e abrangente, e expressão lúcida e vigorosa. Sua primeira e última perguntas são semelhantes às do Catecismo Maior. Enquanto este de um modo geral caiu em desuso, o Breve Catecismo tem sido muito utilizado e amado ao longo dos séculos. Nenhum catecismo reformado tem sido mais influente do que este. Alguns o consideram demasiado difícil para ser usado como um recurso didático eficaz para crianças, mas o fato é que o catecismo sempre pressupôs a mediação de um professor. Quanto ao Catecismo Maior, muitas vezes é considerado por demais detalhado, e até mesmo legalista, em sua exposição da lei. As pessoas se deparam com uma enorme lista de deveres nem sempre fáceis de relacionar com as determinações simples do Decálogo. Todavia, essa ênfase reflete a importância que os puritanos atribuíam à lei de Deus, segundo o entendimento de que os preceitos do evangelho não deviam ser somente cridos, mas aplicados concretamente nas diferentes situações éticas com que se deparam os cristãos.

A Assembléia Geral da Igreja Presbiteriana da Escócia adotou os dois catecismos em 1648, o primeiro como um “diretório para catequizar aqueles que já fizeram algum progresso no conhecimento dos fundamentos da religião” e o segundo como um “diretório para catequizar os de menor capacidade”. A partir da Escócia, esses valiosos documentos doutrinários se difundiram entre a maior parte das igrejas reformados ao redor do mundo.

 

Fonte: Portal Mackenzie (Link)


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