CONVERSAS À MESA (TISCHREDEN) PT. 47/47 - DA VOCAÇÃO E CHAMADO

Categoria: Conversas à Mesa [Tischreden]
Imagem: Martinho Lutero (no centro) - eBiografia
Publicado: 26 de Fevereiro de 2023, Domingo, 14h54

DCCCXLVII.
A respeito daqueles que possuem o ofício de ensino e que não se alegram com isso, acabam não se importando com aquele que os chamou e os enviou para esse propósito. Então o trabalho torna-se cansativo. Verdadeiramente eu não tomaria a riqueza do mundo inteiro para trabalhar contra o papa, o que tenho feito até agora, devido a angústia que tenho passado. No entanto, quando olho para aquele que me chamou para esse propósito, eu não o faria em troca de riquezas desse mundo, mas sim por eu ter começado. É lamentável que nenhum homem esteja contente e satisfeito com o que Deus lhe dá em sua vocação e chamado. As condições dos outros homens nos agradam mais do que as nossas, como diziam os pagãos – Fertilior seges est alienis semper in agris, Vicinumque pecus grandius uber habet.

E outro pagão: “Optat ephippia bos piger, optat arare caballus.” Quanto mais temos, mais queremos. Servir a Deus é para cada um permanecer na sua vocação e chamado, por mais mesquinha e simples que seja.

DCCCXLVIII.
Dizem que a ocasião possui um topete, mas é careca por trás. Nosso Senhor nos apresentou isso através do curso da natureza. Um fazendeiro deve semear sua cevada e aveia na Páscoa, mas se caso ele adiar para Michaelmas, vai ser tarde demais. Quando as maçãs ficam maduras, devem ser colhidas de suas árvores porque, caso contrário, podem estragar. A procrastinação é tão ruim quanto a pressa. Lá está meu servo Lobo: Quando uns cinco pássaros caem sobre a rede de pássaros, ele não os arranca, mas diz – “Oh! Eu vou esperar até que venham mais!” Então todos os pássaros voam longe e o Lobo não consegue pegar nenhum. A ocasião é um grande assunto. Terence diz bem assim: cheguei a tempo, o que é o mais importante de tudo. Júlio César entendeu bem a ocasião, já Pompeu e Aníbal não. Os jovens estudantes na escola não entendem esse assunto, por isso que devem ter pais e mestres com a vara para corrigi-los e não negligenciem e nem percam o tempo. Muitos jovens possuem bolsa escolar de seis ou sete anos que é o tempo necessário para estudar diligentemente. Eles possuem seus tutores e outros meios, mas pensam: “Oh! Ainda tenho tempo suficiente.” Mas eu digo: Não, companheiro. O que o pequeno Jack não aprende, o grande John também não aprende. A ocasião te saúda e estende seu topete para ti dizendo: “Aqui estou, me segura.” Então tu achas que ela virá novamente. Mas ela diz: “Bem, se você não quer segurar meu topete, então segure a minha cauda.” E com isso acaba se retirando.

Bonaventura era apenas um pobre sofista, mas ele poderia dizer: Aquele que negligencia a ocasião é negligenciado, e este é um ditado entre nós: Aproveite o tempo enquanto é tempo, e o agora enquanto é agora. Nosso imperador Carlos não entendeu a ocasião quando fez o rei francês seu prisioneiro diante de Pavia em 1525. Nem quando o papa Clemente caiu em suas mãos quando tomou Roma em 1527. Muito menos em 1529 quando quase capturou o grande turco antes de Viena. Foi uma negligência monstruosa para um monarca ter em suas mãos seus três grandes inimigos que, simplesmente, escaparam.

DCCCXLIX.
A Alemanha seria muito mais rica do que é agora se o tal estoque de veludos e sedas não tivesse sido usado, nem mesmo tantas especiarias usadas, e tantas cervejas bebidas. Pois os jovens não se divertem sem bebidas, nem os jogos não alegram, muito menos a lascívia, então eles se dedicam as bebidas. Na festa principesca realizada recentemente em Torgau, cada homem bebeu de um gole para uma garrafa inteira de vinho que os chamavam de boa bebida. Tácito tinha escrito que não era uma vergonha para os antigos alemães encherem a cara durante quatro horas seguidas. Um cavalheiro da corte perguntou: Há quanto tempo que Tácito escreveu isso? Ele foi respondido, cerca de mil e quinhentos anos. Então o cavalheiro disse: Já que a embriaguez é um costume tão antigo e de longa descendência, então não a abolimos.

O FIM. A causa do compromisso do capitão foi a pressão do senhor tesoureiro por atrasos de pagamento.

A identidade do anticristo na imagem do papa já havia sido afirmada por John Huss, através de sua obra De Anatomia Antichristi.

 

Fonte: CRTA - Center for Reformed Theology and Apologetics - reformed.org
Tradução: Marcell de Oliveira


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