[RILTON FILHO] IGREJA SANGRENTA: PECO, LOGO EXISTO


Categoria: Coluna
Imagem: Google Images
Publicado: 28 de Fevereiro de 2018, Quarta Feira, 12h44

Por: RILTON FILHO (foto)

A frase parafraseada faz menção a uma celebre frase de um grande filósofo chamado René Descartes que exclamou: “Cogito, ergo sum”: “penso, logo sou”. Essa declaração é cercada por um tempo de conflitos e transições de saberes, que ocasionaram uma inquietação em Descartes no que tange a racionalidade humana. O pensamento descartiano pode-se considerar uma afirmação de sobrevivência, não de forma literal, mas de forma relacional, isto é, se penso, logo tenho a capacidade de estar entre outros de forma racional, de maneira que a minha participação seja capaz de dar ao outro àquilo que tenho de melhor. Não obstante, a frase contém outra ideia: “Dubito, ergo cogito, ergo sum”: “Eu duvido, logo penso, logo existo”. Para Descartes, duvidar é o ponto de partida da existência (aquela que é capaz de dar ao outro o que tenho de melhor), por isso, duvidar do que vejo e, sobretudo do que sou nos faz ser gente.

O fato, é que a Igreja sangra numa falsa ingenuidade onde o pecado torna-se atração principal da nossa existência/convivência e gera uma deturpação na proposta do evangelho de Cristo. O teólogo já falecido Bonhoeffer classifica essa realidade como “graça barata”: “A graça barata, em vez de justificar o pecador, justifica o pecado”. E, infelizmente, é sobre essa graça que estamos escolhendo viver. Escolhemos como razão das nossas justificativas a “pecadalhada”. Não a fé, mas a “pecadalhada”, não a graça, mas a “pecadalhada”, não o justo Cristo, mas a “pecadalhada”.

O apóstolo Paulo se preocupa com essa razão invertida e por isso diz aos Gálatas: “Porque vós, irmãos, fostes chamados à liberdade. Não useis então da liberdade para dar ocasião à carne, mas servi-vos uns aos outros pelo amor” Gl 5.13. Paulo não dá margem para a irresponsabilidade cristã, nem tampouco ao discurso invertido e confortador (e não confrontador) que deturpa a realidade estabelecida por Deus entendida pelo próprio Paulo: “Porque a carne cobiça contra o Espírito e o Espírito contra a carne” Gl 5.17, ou seja, não há espaço no discurso confortador da “pecadalhada” de um Cristo “frouxo” e leviano, pelo contrário, o Cristo que deu a liberdade não nos deu para dar ocasião à carne, visto que a palavra ocasião no grego aphorme significa ponto de partida, isto é, aquilo que nos impulsiona em ocasionar e causar ocasiões são o resultado daquilo que somos. Por esse motivo, vale lembrar a frase de Descartes: Penso, logo existo. E se existo em Cristo isso implica em dar àquilo que tenho de melhor para o outro. Logo, nos cabe uma pergunta: O que eu e você temos de melhor? PECADO OU AMOR? Paulo nos dá uma opção (ou a melhor): “Mas servi-vos uns aos outros pelo amor” Gl 5.13.


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