Categoria: Coluna
Imagem: Google Images
Publicado: 28 de Fevereiro de 2018, Quarta Feira, 15h17
Por: RILTON FILHO (foto)
Infelizmente as pessoas interpretam a vida como um jogo e, nesse jogo, importa que eu ganhe e ele perca que eu vença e ele seja derrotado, que eu tenha razão e ele não. O grande problema dessa interpretação é que a vida não é uma disputa de razões (pensar isso, tornará a vida cansativa e sem vida) nem tampouco um jogo onde se tem mecanismos prontos para lhe dar com cada fase. Não! A vida é vivida e tem como basilar: o querer bem do outro. Jesus testifica e confirma este princípio: “… mas ai daquele homem por quem o Filho do homem é traído! Bom seria para esse homem se não houvera nascido” Mt 26.24, ou seja, me parece que a traição (em todos os sentidos) e uma vida que não pensa no outro, gera uma insuficiência de vida (“Bom seria para esse homem se não houvera nascido”).
Mateus cáp.18.23-35 Jesus conta uma parábola que encaixa perfeitamente na nossa reflexão de vida egoísta: Um homem que deve e a dívida é perdoada, mas no piscar de olhos ele cobra aquele que te deve. Um extremo egoísmo toma conta desse homem que acha como nós, que o que importa é que as minhas dívidas sejam perdoadas, por que: o dinheiro é meu, os planos são meus, a razão é minha, a VIDA É MINHA e o outro “que se dane”. Porém, viver pra Cristo é entender que existe um elo entre mim e você, pois viver sem pensar no outro é viver outra coisa, menos evangelho.
Nesse sentido, me lembro de Monteiro Lombato, que escreveu: “A vida, Senhor Visconde, é um pisca-pisca. A gente nasce, isto é, começa a piscar. Quem para de piscar, chegou ao fim, morreu. Piscar é abrir e fechar os olhos – viver é isso. É um dorme-e-acorda, dorme-e-acorda, até que dorme e não acorda mais. A vida das gentes neste mundo, Senhor Sabugo, é isso. Um rosário de piscadas. Cada pisco é um dia. Pisca e mama. Pisca e anda. Pisca e brinca. Pisca e estuda. Pisca e ama. Pisca e cria filhos. Pisca e geme os reumatismos. Por fim, pisca pela última vez e morre. – E depois que morre? – perguntou o Visconde. – Depois que morre, vira hipótese. É ou não é?”
A Igreja continua sangrando por que não vive em congregação, mas em segregação, por isso a gente: pisca e vive pra gente, pisca e vive vendo a sujeira alheia, pisca e não ajuda a limpar a sujeira alheia, pisca e não limpa o odor do próprio umbigo, pisca e diz: farinha pouca meu pirão primeiro. Por isso, retomo a pergunta enfática do sabugo: E depois que morre Igreja? Cuidado pra não ser só hipótese!