Categoria: Coluna
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Publicado: 28 de Fevereiro de 2018, Quarta Feira, 11h55
Por: RILTON FILHO (foto)
Nossa reflexão começa com a exposição de outra reflexão traçada pelo filósofo Friedrich Nietzsche, porém é necessário fazer algumas ponderações a respeito: 1- Nietzsche é conhecido como um ardente ateu escreveu a frase “Deus está morto”. 2- Nietzsche foi um crítico do cristianismo. 3- Nietzsche era filho, neto e bisneto de pastores protestantes. 4- Embora poucos saibam Nietzsche SEMPRE RESPEITOU OS VERDADEIROS CRISTÃOS. A quarta informação facilita o sentido da nossa reflexão, tendo em vista de que a maneira de como iremos ler Nietzsche dependerá da segurança que temos de nós mesmos. Em seu livro “Assim falou Zaratustra” há uma conversa entre Zaratustra e um “santo ancião” que caracteriza, no ancião, um coração amargo e pouco afetivo:
Assim falou o santo ancião – “Não vás para os homens! Fica no bosque! Prefere à deles a companhia dos animais! Por que não queres ser como eu, urso entre os ursos, ave entre as aves?”.
“E que faz o santo no bosque?” – perguntou Zaratustra.
O santo respondeu: “Faço cânticos e canto-os, e quando faço cânticos rio, choro e murmuro. Assim Louvo a Deus. Com cânticos, lágrimas, risos e murmúrios louvo ao Deus que é MEU DEUS”.
“Quando, porém, Zaratustra se viu só falou assim, ao seu coração: Será possível que este santo ancião ainda não ouvisse no seu bosque que Deus já morreu?”.
O que nos interessa nesse diálogo, é a percepção de que a construção da espiritualidade em ambientes que traga a repulsa ao outro, ou seja, a exaltação do EU e a satisfação da boa sensação quando estou com os meus animais e por isso eu adoro a Deus com eles e isso sobrepõe o deus do outro, logo, nos tornamos politeísta (adoramos a mais de um deus) quando nos reunimos em “adoração” com aquele que eu luto contra. Consequentemente, quem vive com animais, se torna um. No nosso caso, um animal funcional. Porém, pensar assim é excluir e apagar a instrução perfeita e precisa de Deus para os nossos relacionamentos: “Então, enquanto temos tempo, façamos o bem a todos, mas principalmente aos domésticos da fé” Gl 6.10. Porque a motivação prevista por essa instrução é de que haja na comunidade cristã uma afetividade e, sobretudo, uma COLETIVIDADE. Por esse motivo, descartar este versículo é atestar algo que Agostinho confrontou: “Se você crê somente naquilo que gosta no evangelho e rejeita o que não gosta, não é no evangelho que você crê, mas, sim, em si mesmo”. Nesse sentido, devo me preocupar com o santo ancião e com todos aqueles que acham que a pureza do louvor e da adoração a Deus está na exclusão do indiferente. Desta forma, o maior problema da espiritualidade excludente é a falta de diálogo e a afirmação dos nossos argumentos, por isso, cabe a repetição do título da nossa reflexão: adoração (que deveria ser a reunião dos santos) excludente é nada mais do que uma sustentação do próprio ego.