Estive conversando com um amigo, de convivência de mais de 4 anos e que há 8 anos não o via. Entramos em um sério debate sobre a questão de precisar ou não ir a “igreja” (templo físico). É necessário? Não? Quais os documentos a favor? Quais os argumentos usados para não ir na igreja?
Eis o debate, entre ele e eu – de forma simplificada…
Argumentos dele: O moderno cristianismo é obcecado pelo tijolo e pelo concreto.
O complexo de edifício está tão inculcado em nossas mentes que se um grupo de crentes começa a reunir-se, sua primeira idéia é encontrar um salão. Como pode um grupo de cristãos pretender ser uma igreja sem um salão? E por aí vão seus pensamentos. A “Igreja” está tão ligada à idéia de igreja enquanto edifício que nós inconscientemente equiparamos as duas. Escute o vocabulário do cristão médio de hoje:
Amigo, você viu como é bonita essa igreja que acabamos de passar? Essa é a maior igreja que já vi. Sua conta de luz deve ser bem elevada! Nossa igreja é bem pequena. Estou ficando claustrofóbico. Precisamos ampliar o salão”.
“Faz frio na igreja hoje; os bancos estão me congelando”.
“Fomos a igreja em quase todos os domingos do ano”.
Escutemos o vocabulário do pastor mediano:
- “Não é maravilhoso estar na igreja hoje?”
Necessitamos ser reverentes quando entramos no santuário do Senhor. Ou como a mãe fala com seu filho traquina (em tom grave):
- “Tire esse sorriso da sua boca, agora você está na igreja! Precisamos nos comportar na casa do Senhor!”
Para dizer sem rodeios, nenhum destes pensamentos tem qualquer coisa a ver com o cristianismo do NT. Melhor dizendo, eles refletem o pensamento de outras regiões – principalmente o judaísmo e o paganismo…
Na mente do cristão primitivo, era a pessoa que constituía o espaço sagrado, não a arquitetura. Os primeiros cristãos entendiam que eles mesmos – coletivamente – eram o templo de Deus e a casa de Deus. Notavelmente, em nenhuma parte do NT, encontramos os termos “Igreja” (ekklesia), templo”, ou casa de Deus”, usados para referir-se a edifícios próprios. Ao ouvido do cristão do século l, descrever um edifício como ekklesia (igreja) seria como chamar uma mulher de arranha-céu! O uso inicial da palavra ekklesia (igreja) para referir-se a um lugar de reunião cristã ocorre no ano 190 d.C. Por Clemente de Alexandria (150-215).
Clemente foi a primeira pessoa a utilizar a frase “ir à igreja”, que era um pensamento alheio ao crente do século l. (Ninguém pode deslocar-se a um lugar que é ele mesmo! Ao longo do NT, ekklesia sempre se referiu a uma assembléia de pessoas, não a um lugar!)
(Trecho do Livro Cristianismo Pagão; Capítulo 3. Pag.44,45)
“Pra mim, nenhuma denominação religiosa, nenhum sistema religioso, nenhuma estrutura religiosa, nenhum símbolo religioso, nenhuma expressão religiosa representa Deus.
Pra mim, Deus é e está acima de tudo e em tudo percebo sua existência, seu poder e sobretudo, seu amor.
Pra mim, o amor que se traduz em tantos amores no universo produz o grande milagre da vida que é amar.
“E nós conhecemos, e cremos no amor que Deus nos tem. Deus é amor; e quem está em amor está em Deus, e Deus nele” (1 João 4:16)
Hudson Lebourg: Ele falou “para mim”, o que não quer dizer que é “para Jesus”…
Jesus disse “Tu és Pedro e sobre essa pedra edificarei minha Igreja”.
(Mateus: 16. 18. Pois também eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela; Bíblia JFA Offline)
Ele estava falando de um conjunto de pessoas.
No Brasil, referenciamos a palavra “Igreja” (Com “I” maiúsculo) a “Pessoas” e “igreja” (Com “i” minúsculo ao local onde se tem os cultos, que as pessoas se reúnem lá para se proteger do frio, do calor e não ficarem expostas a todo tipo de ataque e calúnia contrária em tempos diversos; além do que incomodar aqueles que não querem ouvir ou saber do que se trata do assunto refente as boas novas).
Temos palavras no Brasil, que tem os dois sentidos. Por exemplo, manga, se eu oferecer para alguém chupar, entende-se que não é uma manga de camisa e sim uma fruta.
O lugar onde se reune também se chama “igreja”, porque é lá que a “Igreja” se reune.
“Eclésia” significa povo chamado para fora. Se é para fora da construção ou fora do ambiente de tijolo, como muitos dizem; como pode isso, se ao dizer MT 16:18 nem existiam igrejas de construções e foi a primeira vez que se citou o termo? “Chamados para fora”? Fora “do quê”? Fora do povo?
… Imaginemos que eles ficassem em um terreno. Apenas um terreno. Sem construção nenhuma. A Igreja (Pessoas) se reuniam lá para adorar a Deus. Ainda sim, teriam pessoas que não iriam querer adora a Deus? Sim.
Dariam qualquer desculpa ou argumentação contrária a falar que tem que ir para fora. Fora “do quê”? Fora da cidade? Fora daqueles que estão acostumados do convívio? Sim. Para evangelizar.
Mas a “Igreja” não é “só evangelizar”. Devemos e podemos ter o privilégio de cultuar (oferecer serviço a Deus).
Espero que tenha entendido e não tenha ficado ofendido, chateado, ou ainda, se mostrado afrontado. Apenas estou te argumentando a temática, de uma maneira racionalizada a pensarmos mais sobre o tema.
Deus abençoe em Nome de Jesus!