Categoria: Biografias
Imagem: William Booth - History Channel Brasil
Publicado: 22 de Março de 2015, Domingo, 23h44
Nascido em Nottingham, Inglaterra, em 10 de abril de 1829, William era filho de pais humildes. Tinha 3 irmãs e no seu lar nunca se falou de religião. Eram reservados e os vizinhos os olhavam como pessoas misteriosas. William tinha um primo sapateiro, metodista, cuja vida cristã era atraente. Com ele começou a aceitar alguns deveres religiosos.
Samuel Booth, pai de William, adoeceu gravemente e buscaram a ajuda espiritual do sapateiro. Nos últimos instantes, seu pai compreendeu que havia gasto mal a vida, vivendo de maneira insensata. Arrependeu-se, pediu perdão dos pecados e morreu confiando em Jesus. Esse primeiro contato com a morte causou no ânimo de William uma forte impressão.
Compreendeu que era um espírito imortal e que só tinha uma vida. Que faria para bem vivê-la? Tais pensamentos o levaram a uma igreja metodista da qual seu primo era membro e ali começou a frequentar uma classe onde se ministravam a palavra.
Quando se encontrou com Cristo, ficou muito clara na sua mente uma falha da qual, para livrar-se devia fazer uma confissão pública. Lutou, mas venceu. O peso lhe saiu do coração e experimentou a paz sem limites. Por esse tempo visitou em Nottingham um pastor metodista, James Caughey, piedoso homem de Deus e poderoso pregador. Uma onda de avivamento passou pela cidade e cerca de mil pessoas buscaram e encontraram a salvação em Jesus. William sentiu dentro de si a vocação de ganhar almas para Cristo arder. Fez amizade com um companheiro piedoso, William Sansom e os dois foram como Jonatas e Davi. Com ele iniciou as suas pregações. Foi durante uma revolução política de Londres que William teve a visão gloriosa da possibilidade de uma entrega total. Escreveu ao amigo: “Desejo oferecer-me ao exército, pois se for à Austrália como capelão dos prisioneiros, pregarei aos piores homens acerca da salvação.” Seu grito de combate era: “CRISTO PARA MIM”.
Pouco tempo depois dessa experiência, seu amigo Rabbitts aconselhou-o a abandonar a vida comercial da qual obtinha sustento, para aceitar um lugar num pastorado entre os reformadores. Era uma oportunidade de empregar o tempo no trabalho de Deus. Aceitou a oferta de um pequeno salário e, ao despedir-se, o patrão lhe ofereceu lucros vantajosos, mas William escapou da “escravidão” e passou a dedicar sua vida à serviço de Seu Mestre.
Aos 23 anos, encontrou-se com a jovem que seria a sua companheira. Eram quase da mesma idade e sentiram fortes afinidades um pelo outro. Entregaram ao Senhor o problema (“o problema”, é assim que está no texto original! haha.) Ela era a senhorita Catarina Mumford membro assíduo e consagrado da Igreja Metodista. Seu lar era refinadamente cristão e muito cedo Catarina entregou o coração à Cristo. Desde menina revelava um caráter puro. Tinha dó dos que sofriam; Afligia-se pelos animais pálidos e magros e lhes comprava alimentos com o dinheiro que lhe aparecia; Leu muito e adquiriu conhecimentos como poucas meninas de sua idade. Sobretudo, lia a Bíblia e os escritos de Wesley, de Fletcher e de Branwell. “Quero ter um coração limpo”, repetia-se a si mesma.
Por motivo de aliar-se aos reformadores, expulsaram-na da igreja onde passara a meninice. Foi então que conheceu William Booth. O primeiro contato se deu numa igreja reformada com a qual Catarina se filiara e onde William fora convidado a pregar. Pareceu-lhe que o sermão havia sido o melhor que já ouvira. A mensagem e personalidade do pregador a atraíram e ao se cumprimentarem eram como conhecidos de há muito tempo.
William gostava de decidir sem vacilações. Assim se deu quando decidiu se comprometer com Catarina e entrar no Seminário de Londres a fim de preparar-se melhor para o ministério da Palavra. Avançou tanto nos estudos que, em um ano, foi recomendado ministro, aprovado por 4 anos, podendo casar-se no primeiro ano. Foi nomeado pastor assistente numa igreja em Londres, mas foram tantos os convites para trabalhos de evangelização e tão grande a colheita de almas, que lhe deram mais liberdade de ação.
A cerimônia de casamento de Catarina e William não teve flores, nem música, nem público. Eram a noiva, o noivo, o ministro e as testemunhas. Seguiram imediatamente para o campo de batalha: as casas de uns e de outros, evangelizando, doutrinando. Visitaram as ilhas do Canal da Mancha e as cidades do Norte e do Oeste da Inglaterra.
As “Festas de Amor” dos tempos de Wesley prosseguiam e William expressava o seu apego à ação direta do Espírito Santo para a vida deserviço. Catarina escreve à sua mãe: “Calcula-se que estavam presentes duas mil pessoas. Meu amado esposo falou por cerca de duas horas, com o interesse e a atenção de todos.”
Durante uma das campanhas que efetuou em Cornwall, aprendeu a importante lição de deixar o povo expandir-se de “Glórias e Aleluias”.
Tais demonstrações de súbita alegria espiritual se afastavam dos costumes de reservas e dos silenciosos cultos da época. Outra lição aprendida foi a de evitar as demonstrações públicas que lhes eram oferecidas.
William foi designado para dirigir uma campanha evangelística na sua cidade natal. Anos antes havia saído de Nottingham, como jovem pobre, desconhecido e sem emprego. Voltava como evangelista, coberto de honras e acompanhado de sua encantadora esposa. A capela com quem havia se encontrado com o Amado Salvador e onde havia recebedido a inspiração do piedoso Caughey para a sua vocação ministerial, regorgitava de gente querendo ouví-lo. Catarina escreve à mãe: “O Intendente Municipal, sua mulher e cinco filhos, vieram constantemente às reuniões”. O tesoureiro da igreja escreveu para uma revista: “O Senhor Booth é um homem extraordinário. Jamais passei, em toda a minha vida, seis semanas como essas últimas.”
A admirável obra do Senhor foi interrompida por uma estranha influência de oposições, encabeçada pelo velho ministro superintendente, que não podia ver um jovem como William com um extraordinário êxito. Muitos outros ministros, ao contrário, regozijavam-se no Senhor, reconhecendo que o Espírito Santo separou William para tão gloriosa obra.
A tormenta se desencadeou na Conferência Anual. E assim, em 1857, com quarenta e quatro votos contra quarenta, que William cessasse sua obra de evangelização. Uma acalorada controvérsia durou cinco horas, precedendo essa decisão. O homem cuja paixão era a Salvação de Almas e que estava divinamente chamado para isso, não devia mais ir de pessoa em pessoa, nem de cidade em cidade. Devia assentar-se e servir calmamente à uma pequena e pobre congregação…
Os quatro anos de prova terminaram e William foi ordenado pastor, desfrutando de todos os privilégios de um ministro. Muitas e muitas igrejas solicitaram os seus serviços, mas os opositores se levantaram outra vez e a Conferência o nomeou à uma igreja em Gateshead. Estava decaída, mas o seu templo tinha a capacidade para mil e duzentas pessoas. Ao primeiro culto realizado, 130 pessoas compareceram, e 6 delas buscaram a salvação. E o crescimento começou a se dar, muitos ficaram em pé, apinhados, colados uns aos outros e o povo da cidade falava do Templo Metodista como a “Casa das Conversões”.
No fogo da sua paixão pelas almas, William decidiu efetuar uma campanha de avivamento que durou dez semanas. As luzes do Pentecostes aí se iniciaram. Foram dias sagrados que ficaram conhecidos como “Dias com Deus”. Como resultado desse esforço, mais de 900 pessoas acharam a salvação. Entre essas, famílias inteiras. Muitos desses convertidos vieram a ser pregadores do Evangelho. O período de sua permanência em Gateshead foi prolongado de um ano para três. Durante todo esse tempo não cessou sua busca das almas para a salvação em Jesus.
A esposa do ministro Palmer (vindos da América do Norte), começou a pregar sobre a Plenitude do Espírito. Isso desagradou a alguns ministros e se desencadeou uma terrível oposição contra as mulheres pregadoras. Chegou um bilhete de acusação às mãos da senhora Booth. Ela, tomando de pedaço de papel e um lápis escreveu uma perfeita defesa, que o esposo aprovou e deu toda a publicidade. Era intitulada “O ministério da Mulher”. O Espírito de Deus falou ao coração de Catarina, insistindo para que ela erguesse a sua voz feminina e testemunhasse publicamente de Cristo. Dentro dela mesma, respondeu “Não posso…”. E novamente afirmava: “Não posso fazer isso…”. Ao sentir, porém, que tais insinuações vinham do maligno, levantou-se e pediu ao esposo: “Quero dizer uma palavra!”
William, aquela figura imponente, de cabeleira preta e revolta, e grandes e espertos olhos, disse ao público: “Minha querida esposa quer falar.” – que mulher extraordinária! Não, ela não falava por si mesma! O Espírito Santo à impulsionava a falar, tomou conta de sua garganta, de sua voz, do seu coração. Ela derramou a sua alma, falando sobre o assunto “Enchei-vos do Espírito!” A notícia desse primeiro sermão se espalhou por toda a Inglaterra, e além das fronteiras… Ela começou a receber convites para pregar. Tempos depois, quando o esposo adoeceu, Catarina dirigiu, com uma humildade e uma consagração dignas de aprovação, todos os cultos de William. A crítica à sua pessoa foi dolorosa. Mas esta serva do Senhor aceitou o preço como a porção que deveria sofrer por amor a Cristo. Voltando à Londres, o cenário dos desamparados moveu o coração de William de tal modo que acreditou que fosse a sua verdadeira missão o amparo aos desprovidos de sorte.
Tiveram eles a imensa alegria de vê-los convertidos e consagrados à Causa de Deus, todos os filhos. O primogênito, Bramwell, em homenagem ao seu antecessor, ofereceu a vida ao Senhor quando ainda muito jovem. Foi criada a “Missão Cristã do Oeste de Londres” e esta foi o início do “Exército de Salvação”. Decorria o ano de 1878. Catarina adoeceu de câncer e não quis se submeter à cirurgia. Durante os anos que passou sofrendo o martírio de tão terrível enfermidade, manifestou o mesmo propósito que havia tido no curso de sua vida desde o dia em que, junto com o esposo, se lançou a guerra santa, procurando despertar e levantar outras vidas. Deu, mesmo nos dias mais sombrios, mensagens à grandes congregações, todos sabendo que ela se encontrava às portas da morte. Em 14 de outubro de 1890, faleceu Catarina Booth. William vê partir para a eternidade a alma da companheira de mais de 40 anos de afinidade perfeita. Era querida e venerada por pessoas de todas as classes sociais. Cerca de 36 mil pessoas estiveram presentes no seu enterro.
O “Daily Telegraph” publicou: “Era um quadro sumamente comovedor quando o alto e ereto se adiantou na penumbra para falar da perda que havia sofrido. Falou varonilmente, sem o menor sinal de fraqueza, como um soldado que havia aprendido a dominar as suas emoções. Poucas esposas no mundo tem recebido mensagens tão eloqüentes de seus maridos quanto o General Booth rendeu à sua companheira. Fácil é ver agora aonde se encontra a Fortaleza do EXÉRCITO DA SALVAÇÃO!”
Essa entidade de salvação, conhecida no mundo inteiro, foi organizada com todos os moldes de um exército de armas. Seus soldados percorreram todas as nações.
Bramwell Booth, ao assumir a liderança no lugar do pai, disse as palavras que depois ficaram como lema: “Toda a terra é minha, pois todas as terras pertencem ao meu Pai Celestial!”. Evangelina Booth chegou a ocupar a posição eminente de general tendo antes passado um período de 30 anos como salvacionista nos Estados Unidos.
William, que vinha enfermo da vista, submeteu-se à uma operação e o filho, ao dar a infeliz notícia da cegueira, recebeu a seguinte resposta: “Trabalhei para o meu Mestre com a minha vista, Bramwell, e agora trabalharei para Ele sem a vista.” Homem valente e admirável, santo de grande coração, elevou-se acima de novo para a luta. Ema, uma de suas filhas, sofreu um acidente ferroviário vindo a perder a vida e foi este um golpe terrível para o guerreiro William. Mais tarde, ao sentir as primeiras demonstrações de fraqueza física, disse a uma de suas filhas: “Já começo a antecipar o dia em que me encontrarei com sua querida mãe e com sua querida irmãzinha Ema.”
Certa vez – relata Minie Carpenter, sua biógrafa e salvacionista do Exército, – perguntaram a William qual o segredo do seu triunfo, ele exclamou: “DECIDI DAR A DEUS TUDO O QUE HAVIA EM WILLIAM BOOTH!”
Escudo do Exército da Salvação / Imagem: Antigo site Protestantismo
E enquanto o Exército da Salvação prossegue, vitorioso, incendiando o mundo com a mensagem do Evangelho, o seu fundador passa os últimos dias terrenos confinado à um leito de dor. De vez em quando se ouve o grande cego exclamar: “Oh! A Salvação das gentes!…” E dirigindo-se ao filho: “Oh Bramwell, cuida dos desamparados!”
Suas últimas palavras audíveis foram “As promessas de Deus são CERTAS!” E faz ênfase ao adjetivo.
Fica inconsciente. Há só um suave respirar até o fim, quando é promovido à Glória Eterna, no dia 20 de agosto de 1912.
Fonte: Sopra em Mim, Vento do Espírito Blogspot