Categoria: Biografias
Imagem: Charles Krauth - Lutheran Library Publishing Ministry
Publicado: 02 de Abril de 2019, Terça Feira, 23h00
Charles Porterfield Krauth (17 de Março de 1823 – 2 de Janeiro de 1883) foi um pastor, teólogo e educador luterano sendo considerado uma figura de destaque na questão do renascimento das Confissões Luteranas ligadas ao Neo-Luteranismo nos EUA.
Ministério da Educação e da Paróquia
Filho do também ministro Charles Philip Krauth, Charles Porterfield Krauth nasceu em Martinsburg na Virgínia, e se formou no Gettysburg College (atualmente, Pennsylvania College) no ano de 1839 (enquanto que seu pai servia como presidente da escola), e dois anos depois se formou no Seminário Teológico Luterano em Gettysburg. De 1841 à 1852, o jovem Rev. Krauth serviu nas congregações em Baltimore, Maryland, Martinsburg e Winchester, na Virginia. Durante o inverno de 1853 a 1854, por três meses ele serviu a congregação Reformada Holandesa em Saint Thomas nas Virgin Islands, onde ele precisou visitar devido a enfermidade de sua esposa. Mais tarde, Krauth publicou um esboço desta visita intitulada “A Winter and Spring in the Danish West Indies” (Um Inverno e Primavera nas Índias Ocidentais Dinamarquesas). Ao retornar, Krauth foi chamado às congregações em Pittsburgh de 1855 a 1859, e em Philadelphia de 1859 a 1861.
O Renascimento Confessional
No ano de 1861, Krauth foi resignado do ministério paroquial para servir em tempo integral como editor do The Lutheran, um periódico de teologia. Um dos objetivos da revista The Lutheran era de restaurar as confissões de fé encontradas no Livro da Concórdia e torná-las em prática no seio da Igreja Luterana.
Esses documentos, especialmente a Confissão de Augsburgo, sempre foram identificados como os pilares de uma identidade teológica do Luteranismo. Mas, durante os séculos XVIII e XIX, os luteranos norte-americanos haviam interpretado as confissões de uma maneira muito imprecisa. Uma figura chave nesse movimento foi Samuel Simon Schmucker, que foi um dos professores de Krauth em Gettysburg, cujo “Luteranismo Americano”, conforme delineado na plataforma Sinodal Definida de 1855, propunha que a Confissão de Augsburgo estava equivocada nas questões como a Regeneração Batismal e a Presença Real na Eucaristia.
Em contraste, Krauth e seus colaboradores (que eventualmente incluíram seu próprio pai e o filho de Samuel Schmucker, Beale Melanchthon Schmucker) preferiram uma leitura mais literal das Confissões Luteranas. Eles viam na teologia de Martinho Lutero não como uma rejeição radical da tradição teológica patrística e medieval, mas como um retorno essencialmente conservador aos primórdios da Igreja. Tanto na teologia quanto no culto, eles procuravam criar um Luteranismo no qual a herança medieval seja mais evidente do que as adaptações do Iluminismo. Por exemplo, um dos principais livros de Krauth, “The Conservative Reformation and its Theology” (A Reforma Conservadora e Sua Teologia), é uma defesa estendida da Presença Real.
Krauth foi pessoalmente influenciado pelos teólogos de Mercersburg, John Williamson Nevin e Philip Schaff, que haviam tentado uma restauração da teologia calvinista dentro do ramo americano da Igreja Reformada Alemã. Nevin e Schaff chamavam a si mesmos de “católicos evangélicos”, um termo que raramente é usado entre as igrejas reformadas, mas comumente entre os luteranos. (Church, 226-229).
Movimentos semelhantes de reavivamento, como o Neo-Luteranismo, ocorreram no início do século XIX entre católicos romanos e anglicanos como, por exemplo, na re-fundação de Guéranger da abadia de Solesmes, e no Movimento de Oxford. O Luteranismo Europeu teve um reavivamento similar, liderado por teólogos e pastores como Wilhelm Loehe.
O Conselho Geral
Um conflito entre os “Luteranos Americanos” e os líderes do reavivamento confessional acarretou em um cisma. No ano de 1864, Krauth foi convidado para liderar o novo seminário em Philadelphia, fundado pelas igrejas do Ministério da Pennsylvania para rivalizar com o seminário em Gettysburg (hoje conhecido como Seminário Teológico Luterano na Philadelphia, LTSP). Em 1867, Krauth e seu colega de escola Rev. William Passavant fundaram o Conselho Geral da Igreja Evangélica Luterana na América. Este Conselho tinha sete órgãos regionais que haviam se retirado do Sínodo Geral.
Durante a vida de Krauth, o LTSP ficava na Franklin Square e, em 1889, anos após a morte de Krauth, mudou para Mount Airy. Em 1908, sua nova biblioteca foi chamada de Krauth Memory Library em memória de Krauth.
Como primeiro professor de teologia sistemática no novo seminário, Krauth era o centro intelectual do movimento da Reforma. Ele escreveu “Fundamental Articles of Faith” (Artigos Fundamentais da Fé) e “Polity Church” (Governo da Igreja), bem como as constituições de suas congregações. Sua bolsa de estudos litúrgica orientou na formação de importantes materiais para o culto do Conselho Geral. A partir de 1868, Krauth também atuou como professor de filosofia da mente e da moral na Universidade da Pennsylvania e, a partir de 1873, serviu como vice-reitor.
Um dos atos mais polêmicos de Krauth foi de preparar uma série de teses sobre o púlpito e a comunhão no altar. Chamada de “Akron-Galesburg Rule” (Regra de Akron-Galesburg), pode-se resumir que “os púlpitos luteranos são apenas para os ministros luteranos, e os altares luteranos são apenas para os informantes luteranos”. Embora a Regra de Krauth permitisse exceções, foi, não obstante, um forte repúdio às amplas relações ecumênicas buscadas pelo Sínodo Geral.
Últimas Viagens
Em 1880, ele foi à Europa para visitar os locais onde Martinho Lutero viveu e trabalhou, a fim de contemplar uma biografia, para a qual ele havia feito extensos preparativos. Sua morte acabou impedindo a conclusão do seu projeto.
Obras Literárias
- The Conservative Reformation and its Theology, seu trabalho mais significativo (Philadelphia, 1872);
- Tholuck`s Commentary on the Gospel of John, tradução (1859);
- Christian Liberty in Relation to the Usages of the Evangelical Lutheran Church Maintained and Defended (1860);
- William Fleming`s Vocabulary of Philosophy, editor contribuindo com uma introdução e adições (1860; 2a ed.: Vocabulary of the Philosophical Sciences, enlarged, New York, 1877);
- The Augsburg Confession, tradução, contribuindo com uma introdução histórica, notas e índice (Philadelphia, 1868);
- “Infant Baptism and Infant Salvation in the Calvinistic System”, uma revisão da Teologia Sistemática de Hodge (1874);
- Ulrici’s Review of Strauss (1874);
- Berkeley’s Principles, Prolegomena, Notes of Ueberweg, and Original Annotations (1874);
- Chronicle of the Augsburg Confession (1878);
Krauth também escreveu poemas, traduziu hinos do latim e do alemão, e foi um colaborador assíduo de periódicos religiosos.
Fonte: Wikipédia (inglês) / Tradução: Marcell de Oliveira