Categoria: Acervo
Imagem: Old Bible - Imagem Dreamstime
Publicado: 17 de Janeiro de 2009, Sábado, 03h16
O Dr. Van Dyke disse: “Suponhamos que quatro testemunhas comparecessem perante um juiz para depor sobre certo acontecimento e cada uma delas usasse as mesmas palavras. O juiz, provavelmente, concluiria, não que o testemunho delas era de valor excepcional, mas que a única coisa certa, sem sombra de dúvida, é que haviam concordado em contar a mesma história. Todavia, se cada uma tivesse contado o que tinha visto e como o tinha visto, aí então a prova seria digna de crédito. E quando lemos os quatro Evangelhos, não é exatamente isso que acontece? Os quatro evangelistas contaram a mesma história, cada qual a seu modo.“
Por Que Se Chamam Sinóticos?
A palavra “Evangelho” vem de suas palavras gregas, “eu” e “aggelion”, e significa “boas-novas”. Os quatro autores são chamados evangelistas, de uma palavra grega que significa portadores de boas-novas. Os três primeiros Evangelhos, Mateus, Marcos e Lucas são chamados Evangelhos Sinóticos porque, ao contrário de João, apresentam uma sinopse da vida de Cristo. A palavra “sinopse” vem de duas palavras gregas que significam ver em conjunto, ver coletivamente. Por isso estes três Evangelhos podem ser vistos em conjunto.
Os sinóticos apresentam semelhanças e diferenças impressionantes. Narram o ministério de Jesus principalmente na Galiléia; enquanto o de João está numa classe à parte, pois narra o seu ministério na Judéia. Os sinóticos narram seus milagres, parábolas e mensagens dirigidas às multidões, enquanto o de João apresenta seus discursos mais profundos e abstratos, suas conversas e orações. Os três apresentam Cristo em ação, o de João retrata Cristo em meditação e comunhão.
Ei-lo aqui! O Prometido chegou! Aquele de quem todos os profetas predisseram, Jesus Cristo, o Senhor.
Todos os profetas do Antigo Testamento asseguraram muitas vezes ao povo escolhido de Deus que o Messias viria e seria o Rei dos judeus. Por isso esperavam com ansiedade e patriotismo a vinda desse Rei com pompa e poder.
Espere encontrar nos Evangelhos “aquele de quem Moisés escreveu na lei, e a quem se referiram os profetas, Jesus” (João 1:45). Mas você o achará infinitamente mais belo em pessoa do que a visão que qualquer profeta teve dele.
Lemos em Isaías 7:14: “Portanto o Senhor mesmo vos dará sinal: Eis que a virgem conceberá, e dará à luz um filho, e lhe chamará Emanuel, Deus conosco“. É dele que os evangelistas nos falam. Os Evangelhos apresentam Jesus em nosso meio. João diz: “E o Verbo se fez carne, e habitou entre nós” (João 1:14). Imagine só, Deus descendo dos céus para viver entre os homens. Parece que os Evangelhos são o centro de toda a Bíblia. Tudo que os profetas disseram leva-nos à vida e à obra terrena de nosso Senhor e tudo o que vem depois, nas Epístolas, procede dos Evangelhos.
Os Evangelhos contam-nos QUANDO e COMO Cristo veio.
As Epístolas contam-nos POR QUÊ e PARA QUÊ Cristo veio.
Observe a posição dos Evangelhos. Ficam no fim do Antigo Testamento e antes das Epístolas.
A Bíblia Num Relance
O Dr. William H. Griffith Thomas sugere quatro palavras, a fim de ajudar-nos a ligar toda a revelação de Deus.
PREPARAÇÃO: No Antigo Testamento Deus prepara para a vinda do Messias.
MANIFESTAÇÃO: Nos quatro Evangelhos, Cristo entra no mundo, morre pelo mundo e funda a sua igreja.
APROPRIAÇÃO: Nos Atos e nas Epístolas, são apresentadas maneiras pelas quais o Senhor Jesus foi recebido, apropriado e aplicado à vida das pessoas.
CONSUMAÇÃO: No Apocalipse revela-se o resultado do plano perfeito de Deus.
Por Que Quatro Evangelhos?
A pergunta que naturalmente surge é a seguinte: Por que quatro? Não teria bastado uma só narrativa direta e contínua? Não teria sido mais simples e claro? Isso não nos teria poupado algumas das dificuldades surgidas em torno do que alguns têm chamado de narrativas divergentes?
A resposta é simples. Uma ou duas pessoas não nos teriam dado um retrato completo da vida de Cristo. Há quatro ofícios distintos de Cristo apresentados nos Evangelhos. Ele é apresentado como: Rei em Mateus, Servo em Marcos, Filho do homem em Lucas e Filho de Deus em João.
É verdade que os quatro Evangelhos têm muita coisa em comum. Todos eles tratam do ministério terreno de Jesus, sua morte e ressurreição, seus ensinos e milagres, porém cada Evangelho tem suas diferenças. É fácil ver que cada um dos autores procura apresentar um quadro diferente de nosso único Salvador.
Mateus, de propósito, acrescenta à sua narrativa que Marcos omite. Nenhum dos Evangelhos contém a narração completa da vida de Cristo. João diz em 21:25: “Há, porém, ainda muitas outras coisas que Jesus fez. Se todas elas fossem relatadas uma por uma, creio eu que nem no mundo inteiro caberiam os livros que seriam escritos.“
Existem vazios propositados que nenhum dos evangelistas pretendeu preencher. Por exemplo, todos omitem um registro de dezoito anos da vida de Cristo, entre os doze e os trinta anos. Embora cada Evangelho seja completo em si mesmo, cada evangelistas registrou aquilo que era relevante e pertinente ao seu tema particular.
Na Galeria Nacional de Londres há uma tela com três representações de Carlos I. Numa ele tem a cabeça voltada para a direita, noutra para a esquerda, e na do centro, ele está olhando para frente. Van Dick pintou-as para o escultor romano Bernini, a fim de que ele pudesse modelar um busto do rei. Combinando as impressões dos três quadros, Bernine pôde criar uma imagem real, que um quadro somente não lhe permitiria produzir.
Pode ser que o objetivo dos Evangelhos fosse algo assim também. Cada um deles apresenta um aspecto diferente da vida terrena de nosso Senhor. Juntos dão-nos um retrato completo. Ele era Rei, mas era também o Servo Perfeito. Era o Filho do homem, mas não devemos esquecer-nos de que era o Filho de Deus.
Há quatro Evangelhos mas um Cristo, quatro narrativas com um propósito e quatro esboços de uma Pessoa.
Jesus nos Quatro Evangelhos
Guarde este esboço e você nunca mais se esquecerá do conteúdo do Evangelho.
REI: Mateus apresenta Jesus como Rei. Foi escrito em primeiro lugar, para os judeus. Ele é o Filho de Davi. Sua genealogia real é dada no capítulo 1. Nos capítulos 5 a 7, no Sermão do Monte, temos o manifesto do Rei, contendo as leis do seu reino.
SERVO: Marcos descreve Jesus como Servo. Escrito para os romanos, não contém genealogia. Por quê? Ninguém está interessado na genealogia de um servo. Achamos mais milagres aqui do que em qualquer outro Evangelho. Os romanos pouco se interessavam por palavras; muito mais por ações.
HOMEM: Lucas mostra Jesus como o Homem perfeito. Escrito para os gregos, sua genealogia vai até Adão, o primeiro homem, em vez de Abraão. Como Homem perfeito, vemo-lo constantemente em oração e os anjos servindo-o.
DEUS: João retrata Jesus como Filho de Deus. Escrito para todos os que hão de crer, com o propósito de levar os homens a Cristo (João 20:31), tudo nesse Evangelho ilustra e demonstra seu relacionamento com Deus. Os versículos iniciais nos transportam ao “princípio”.
O Dr. Griffith Thomas apresenta assim os Evangelhos:
Mateus ocupa-se com a vinda de um Salvador Prometido.
Marcos ocupa-se com a vida de um Salvador Poderoso.
Lucas ocupa-se com a graça de um Salvador Perfeito.
João ocupa-se com a posse de um Salvador Pessoal.
Outra resposta à pergunta: “Por que quatro Evangelhos?”, encontramos nas próprias Escrituras, onde certos números são usados com precisão, exatidão e sentido real. Sabemos que sete é o número da perfeição; três o da divindade; quarenta o da provação. Quatro é o número da terra. Vejamos alguns exemplos. Há quatro pontos cardeais; há quatro estações do ano; na parábola do semeador havia quatro espécies de solo. Mais tarde Cristo acrescenta: “O campo é o mundo”. Se quatro é o número da terra, como é adequado que o Espírito Santo nos houvesse dado quatro Evangelhos para descrever o ministério terreno daquele que desceu do céu.
Por que quatro, se Cristo é o tema glorioso da todos eles? É que cada autor está absorvido com algum aspecto da pessoa e obra de Cristo e o desenvolve com poder convincente. E é o desdobramento dessa visão particular da obra de Cristo que marca o propósito de cada livro. Todos os Evangelhos estão ligados às promessas do Messias no Antigo Testamento. Não se podem explicar os Evangelhos à parte das grandes profecias messiânicas do Antigo Testamento.
Os profetas traçaram um retrato magnífico do Messias. Falaram dos seus ofícios, missão, nascimento, paixão, morte, ressurreição e glória. Consideremos os nomes e títulos que os profetas lhe atribuíram.
Ele é chamado Rei – Salmo 72; Isaías 9:6,7; 32:1; Jeremias 23:5; Zacarias 9:9; 14:9. Estas passagens, entre outras, falam da função real do Messias. Os profetas falam muito do seu reino, da extensão desse reino e do triunfo final de Cristo.
Ele é chamado Servo de Jeová – Isaías 42:1-7; 52; 13-15; 53.
Ele é chamado o Homem e o Filho do homem – Gênesis 3:15; 22:18; Isaías 7:14-16; 9:6.
Ele é chamado de Deus – Isaías 9:6; 40:3-5; 47:4; Jeremias 23:6.
Os Evangelhos apresentam Jesus nesses quatro aspectos.
Fonte: Estudo Panorâmico da Bíblia, Henrietta C. Mears, Editora Vida.