APÓSTOLO PAULO [PARTE 3] A TERCEIRA VIAGEM MISSIONÁRIA


Categoria: Acervo
Imagem: As Viagens Missionárias do Apóstolo Paulo - Artigos Religiosos
Publicado: 29 de Junho de 2009, Segunda Feira, 22h43 - 1 comentário

A Terceira Viagem Missionária de Paulo
Evangelizar os povos gentílicos, constituiu indiscutivelmente, a meta principal do apóstolo Paulo. As perseguições sofridas em sua primeira viagem missionária, não tiveram nenhuma influência negativa para impedir o corajoso missionário de encetar a segunda viagem.

Mais uma vez as tribulações e perseguições foram grandes, mas os resultados positivos não se podiam medir ou contar. Ele estava, sem dúvida, disposto a enfrentar qualquer dificuldade, desde que almas fossem alcançadas com a graça salvadora.

Chega o momento do Apóstolo Paulo fazer sua terceira viagem missionária; na verdade seria a sua última viagem. “Saiu, atravessando sucessivamente a região da Galácia e Frígia, confirmando todos os discípulos” (18.23). Paulo iria satisfazer um grande desejo: visitar demoradamente a cidade de Éfeso. Nessa cidade, Paulo teria uma das mais proveitosas fases do seu ministério: fundaria uma grande e forte igreja.

Saindo de Éfeso, Paulo visitaria partes da Macedônia e Corinto, na Grécia, de onde, segundo a tradição, escreveria sua carta aos Romanos. Seguiria depois para Trôade, cidade em que ressuscitou um jovem por nome Êutico; prosseguiria para Mileto, de onde mandaria chamar os presbíteros da igreja em Éfeso e teria com eles um culto muito fraternal, em cuja ocasião se despediria da igreja e regressaria a Jerusalém.

De Mileto, Paulo seguiria para a cidade de Tiro, onde ficaria por uma semana. De Tiro, para Cesaréia, hospedando-se na casa de Filipe. De Cesaréia rumou em direção a Jerusalém onde foi preso enquanto adorava no templo.

Paulo em Éfeso (19.1-40)

Os Doze Discípulos de João Batista
Lucas registra nos primeiros versículos (1-7), o interessante encontro de Paulo com uns doze discípulos de João Batista. Eles haviam crido na mensagem pregada por João, haviam se arrependido, e, conseqüentemente, sido batizados em água. Ao que parece, eles ignoravam o nascimento, vida, ministério, morte e ressurreição de Jesus Cristo. Então Paulo, após falar-lhes de Jesus, impôs-lhe as mãos, vindo sobre eles o Espírito Santo. Conforme Atos 8.17 e 19.6, a vinda do Espírito Santo estava ligada à imposição das mãos. O falarem outras línguas e o profetizar (v. 6), são dados como evidência de que os doze tinham recebido o Espírito Santo.

Lucas deixa claro neste trecho (cap. 19), que Éfeso fora alcançada pelo Evangelho bem antes da chegada de Paulo. A este coube apenas completar a obra, isto é, dar a necessária interpretação da morte e ressurreição de Jesus, corrigindo conceitos errados e incompletos a respeito da pessoa de Cristo.

Conhecendo Éfeso
Éfeso, cidade rica e populosa da Ásia e centro administrativo da província asiática, abrigava uma população pervertida, corrompida por chocantes imoralidades. Assassinatos, dissolução, concupiscência, gula e bebedeiras se desenvolviam por toda parte. O famoso templo à deusa grega, Artêmis (a Diana latina), constituía a razão da entrada de muita riqueza naquela cidade. Por isso os muitos sacerdotes e ministros que serviam em seu templo, davam todo o apoio a ela. O culto a essa famosa deusa muito contribuía para as práticas supersticiosas e de magias.

Éfeso se constituía, pois, grande desafio ao Apóstolo Paulo. Não obstante tantas dificuldades, o trabalho do grande Apóstolo foi bastante profícuo, a ponto de provocar nos artífices da cidade a promoção de uma violenta campanha a fim de expulsá-lo dali.

Como Foi o Ministério de Paulo em Éfeso?
Durante três meses, Paulo ensinou na sinagoga (v. 8), procurando alcançar os judeus com o Evangelho. Depois, por dois anos, diariamente ensinou na escola de Tirano (v. 9). Era a sala de aula de um filósofo, onde cabia um pequeno número de pessoas. Daquela pequena sala de aula, Paulo abalou a cidade até os alicerces. Coisa espantosa: naqueles primitivos tempos, sem templos, sem seminários, e a despeito da perseguição, a Igreja fez mais rápido progresso do que em qualquer outra época.

Durante o tempo em que permaneceu em Éfeso, Paulo teve um ministério de Milagres (v. 11), indiscutivelmente a razão do êxito alcançado. Sem os milagres, o resultado teria sido apenas uma parte do que foi. Deus estava particularmente interessado em estabelecer o Evangelho em Éfeso.

Razões da Operação de Deus
1. Derrotar Satanás: Na região de Éfeso havia uma fortaleza do poder do Diabo (Ap 2.13);

2. Desmascarar Embusteiros: Havia mágicos em Éfeso que se diziam possuidores de poderes sobrenaturais para operar maravilhas e milagres entre o povo. O que Deus fez através de Paulo serviu para mostrar que tudo quanto eles afirmavam não passava de embustes. Também mostrou a todos que o poder de operar maravilhas era uma peculiaridade do Deus a quem Paulo pregava;

3. Propagar o Evangelho: Paulo era desconhecido naquela grande cidade de modo que, se não houvesse uma operação sobrenatural do poder de Deus confirmando suas declarações, ele seria facilmente confundido com os inúmeros mestres de religião, filósofos ou importadores de seitas que perambulavam pelas ruas da grande cidade de Éfeso;

4. Libertar os Prisioneiros de Satanás: Este tipo de ministério possibilitou a Paulo exercer seu ministério de cura entre as pessoas que não podiam estar presentes nas reuniões, e entre aqueles que estavam em cidades distantes;

O resultado da grande operação divina em favor do povo através do ministério de Paulo em Éfeso, foi que muitos daqueles que tinham estreitos laços com a magia, se converteram a Cristo de forma tão completa, que duma só vez queimaram livros, relacionados ao antigo modo de vida, de um grande valor monetário.

Se pregamos o genuíno Evangelho de Jesus Cristo, sem dúvida, alcançamos resultados igualmente genuínos, como ocorreu em Éfeso, nos dias de Paulo.

Paulo Prossegue Viagem (20.1-35)
Apos profícuo ministério em Éfeso, Paulo decidiu ir a Jerusalém. Levaria consigo as ofertas levantadas entre os crentes gentios, as quais seriam distribuídas aos cristãos pobres de Jerusalém. Paulo deveria passar pela Macedônia e Acaia, onde também recolheria as oferas levantadas, aproveitando para despedir-se das igrejas com as quais trabalhara pelo espaço de aproximadamente sete anos. Isto deu-se na primavera do ano 57. Nessa viagem, Paulo se fez acompanhar do Sópatro, de Beréia, filho de Pirro; Aristarco e Secundo, de Tessalônica; Gaio, de Derbe; e Timóteo. Levou também Tíquico e Trófimo. Eram representantes das igrejas que iam encontrar-se com Paulo em Trôade.

Paulo Prega em Trôade
A intenção de Paulo, depois dessa visita a Jerusalém, era navegar do Mediterrâneo Oriental na direção do Ocidente, passando pela cidade de Roma a caminho da Espanha (19.21); (Rm 15.23,24). Após sua estada em Filipos, Paulo seguiu juntamente com Lucas, para Trôade. Nesta cidade, para despedir-se, Paulo pregou um longo sermão, que durou até o amanhecer. Foi por volta da meia-noite que deu-se o fatal acidente da queda de Êutico, da janela do terceiro andar, onde se encontrava assentado. O versículo 9 parece deixar claro que o jovem havia morrido; porém, o versículo 10 leva-nos a entender que Paulo percebera que Êutico não morrera – “não vos perturbeis, que a sua alma nele está.” Não podemos afirmar se sua vida lhe foi restaurada miraculosamente, ou se Paulo estava, com aquela afirmação, tranqüilizando o povo que o julgava morto.

Depois do intervalo ocorrido devido ao acidente com Êutico, Paulo voltou a pregar, quando então partiu o pão e comeu com os discípulos ali presentes (v. 11).

A Despedida de Paulo
O encontro do Apóstolo com os presbíteros da igreja de Éfeso, em Mileto, é importante por conter o único registro de um sermão seu, diante de um auditório formado só de cristãos. O sermão lança luz sobre o curso dos acontecimentos ocorridos há pouco e sobre os pressentimentos do apóstolo quanto ao futuro, embora nada o faça temer diante da determinação de levar adiante a obra divina a ele destinada e de acabar sua carreira jubilosamente.

Humilde, bondoso de espírito, mas corajoso, Paulo prosseguiu pregando publicamente, não obstante os muitos atentados. A Paulo importava pregar Cristo, glorificar o nome de Deus, a despeito disto significava desobediência à vontade dos homens, e, conseqüentemente, risco da própria vida.

E, agora, constrangido em meu espírito, vou para Jerusalém, não sabendo o que ali me acontecerá.” (v. 22). Sob a unção do Espírito santo, Paulo prosseguia de vitória em vitória. Ele sabia o que lhe aguardava, por isso disse: “o Espírito Santo, de cidade em cidade, me assegura que me esperam cadeias e tribulações.” (v. 23).

Tendo dito estas coisas, ajoelhou-se, orou com todos eles. Então houve pranto entre todos e, abraçando afetuosamente a Paulo, o beijavam, entristecidos especialmente pela palavra que ele dissera, que não mais veriam o seu rosto. E acompanharam-no até ao navio.” (vv. 36-38).

Paulo em Tiro e em Cesaréia (21.1-16)
Tendo deixado Mileto, o Apóstolo Paulo, juntamente com seus companheiros, prosseguiram viagem à Palestina, tendo desembarcado em Tiro, aproveitando o tempo durante o qual o navio no qual viajavam ali permanecia para desembarque de carga. Ali permaneceram durante sete dias, tempo suficiente para despertar nos crentes daquela cidade um profundo amor para com eles. O verdadeiro Cristianismo envolve profunda comunhão fraternal. Assim deve acontecer também em nossos dias!

Paulo, Exemplo de Submissão
À medida que passavam de um porto para outro, mais e mais ficavam claros os perigos que lhes estavam reservados na cidade de Jerusalém. A hostilidade dos judeus para com os gentios permanecia. Paulo estava convicto de que a sua viagem a Jerusalém estava dentro dos planos soberanos de Deus, de modo que estava disposto a não somente ser preso, mas a morrer por Ele, se isto se fizesse necessário (v. 13). Talvez lhe passasse pela mente que Jesus, o seu Mestre, tivera a Sua face voltada para Jerusalém há muito tempo passado, ainda que soubesse que a sua ida lá significa a Sua morte.

A firmeza do caráter de Paulo levou os cristãos que até há pouco haviam rogado a ele que não subisse a Jerusalém, à real certeza de que Paulo estava sob a orientação da soberana vontade de Deus. E então exclamaram: “Faça-se a vontade do Senhor” (21.14).

Paulo Chega a Cesaréia
Chegando em Cesaréia, Paulo encontra Filipe novamente. Filipe era um dos sete diáconos escolhidos pelos apóstolos em Jerusalém, famoso evangelista. Ei-lo agora em sua própria casa, com as quatro filhas profetisas.

Tanto em Tiro como em Cesaréia, o Espírito Santo continuou a revelar a Paulo o que estava para lhe acontecer quando chegasse em Jerusalém (At 20.23; 21.4,10-12).

Paulo Rumo a Jerusalém
E depois daqueles dias, havendo feito os nossos preparativos, subimos a Jerusalém” (v. 15). Os judeus estavam subindo para Jerusalém para a festa de Pentecostes, festa que acontecia 50 dias após a Páscoa. Alguns discípulos de Cesaréia se uniram a Paulo e seus companheiros. O versículo 16 faz referência a Mnasom. Este era um dos primeiros discípulos; teria talvez pertencido ao grupo dos 120 que testemunharam da vinda do Espírito Santo, no Pentecostes. Era originário de Chipre, o que sugere que ele levou o Evangelho àquela ilha, por onde Paulo e Barnabé iniciaram a sua primeira viagem missionária.

Um Apelo Amigo
Já dissemos que tanto em Tiro como em Cesaréia, Paulo voltou a ouvir a voz do Espírito Santo vaticinando sua prisão (vv. 4,11). Paulo aceitou tais mensagens como advertências divinas para se preparar para enfrentar o pior. Muitos dos cristãos entendiam tratar-se de admoestações para impedir Paulo de prosseguir rumo a Jerusalém. Lucas relata: “Quando ouvimos estas palavras (palavras do profeta Ágabo), também nós e os daquele lugar, rogamos a Paulo que não subisse a Jerusalém” (21.12).

Uma Resposta Heróica
Face aos rogos dos cristãos, no sentido de que não subisse a Jerusalém, respondeu o apóstolo Paulo: “Que fazeis chorando e quebrantando-me o coração? Pois estou pronto não só para ser preso, mas até para morrer em Jerusalém pelo nome do Senhor Jesus” (v. 13).

A atitude resoluta de Paulo foi tomada como exemplo por Lutero, muitos séculos mais tarde. Quando um príncipe alemão advertiu Lutero quanto ao perigo de ir à cidade de Worms, para comparecer diante do representante do Papa, o Reformador simplesmente respondeu: “Ainda que houvesse tantos diabos ali quantas telhas há nas casas de Worms, eu haveria de ir para lá.

Resoluta e corajosamente Paulo chega a Jerusalém. Estava prestes, pois, a cumprir-se as horas mais difíceis do ministério de Paulo.

Paulo Chega a Jerusalém (21.17-22.29)
Com sua chegada a Jerusalém, Paulo está findando a sua terceira e última viagem missionária.

Como Paulo Foi Recebido em Jerusalém
Paulo foi cordialmente recebido pelos cristãos em Jerusalém, os quais lhe deram um tratamento autêntico da fraternidade cristã. No dia seguinte à sua chegada, Paulo encontrou-se com Tiago, a quem contou a respeito da atuação divina entre os gentios. Juntos glorificam a Deus.

Por outro lado, Paulo foi informado de que os crentes judeus continuavam fiéis à Lei, isto é, permaneciam guardando a lei mosaica, ainda que não obrigassem os gentios a acompanhá-los. Os cristãos haviam sabido que Paulo estava ensinando aos judeus que viviam entre os gentios, a não circuncidarem seus filhos, nem praticarem os costumes de Moisés. Efetivamente, os judeus praticantes da lei mosaica não tinham como associar-se aos judeus incircuncisos. Decididamente, eles não estavam dispostos a aceitar em sua igreja judeus nem gentios incircuncisos. É provável que o apóstolo Paulo insistiu com aqueles na aceitação destes. Estes deveriam abrir mão dos costumes.

Paulo, Um Exemplo de Prudência
Os cristãos de Jerusalém, então, sabedores do perigo que estavam correndo, devido à cordial acolhida que deram a Paulo, no intuito de “salvar as aparências”, sugeriram a Paulo que demonstrasse publicamente que ele não era contrário à prática dos costumes judaicos. Bastava-lhe submeter-se ao rito da purificação juntamente com os quatro homens que tinham feito voto. Também ele pagaria todas as despesas que envolviam o ritual; então os judeus que lhe acusavam se convenceriam que ele – Paulo, não se opunha, de forma alguma, à guarda da lei e dos costumes judaicos. A sugestão dos líderes de Jerusalém, estava sem dúvida, de acordo com a conferência e não agredia a liberdade dos gentios, companheiros de Paulo, que não se obrigavam àquele rito. Quanto a Paulo, não se opôs àquela prática, pois que ele dissera: “Procedi, para com os judeus, como judeu, a fim de ganhar os judeus” (1 Co 9.20). Assim, Paulo participou do ato da purificação, bem como pagou as despesas do ato, não somente as suas, mas também dos seus quatro companheiros.

Acusações Contra Paulo
Ao chegar o último dia da prática do rito de purificação, alguns judeus não-cristãos da Ásia, viram Paulo no templo. Então lançaram mão dele e tumultuaram o ambiente. Quatro foram as acusações que lançaram sobre Paulo:

1. Paulo não era leal ao seu próprio povo.

2. Paulo pregava que os cristãos não eram obrigados a participar das festas em Jerusalém nem das cerimônias do templo.

3. Paulo pregava que não era necessário guardar as leis de Moisés.

4. Paulo introduziu gregos no interior do templo, violando o santo lugar.

Assim, irrompeu de repente um grande alvoroço, enquanto o povo, cheio de ira, arrastava Paulo para fora do templo, espancando-o. E logo que saíram, as portas do templo se fecharam.

Próximo ao templo ficava a fortaleza Antônia, na qual havia uma guarnição romana. Ouvindo falar da perseguição levantada contra Paulo, o comandante da referida guarda mandou soldados que livraram Paulo de ser trucidado pelo povo. Mesmo assim, o povo enraivecido, empurrava os soldados com tamanha violência ao subirem as escadas da fortaleza que estes tiveram que carregar Paulo, para que não fosse arrancado da proteção dos mesmos. No topo da escada encontrava-se o capitão, comandante da guarnição, a quem Paulo pediu permissão para falar à multidão revoltada.

Concedida a oportunidade, Paulo dirigiu-se ao povo, não em grego, mas em aramaico, o que o levou a silenciar. Paulo fez um resumo de sua própria vida, a começar pelo seu nascimento, formação, religião; como perseguiu a Igreja do Senhor … porém, ao mencionar que fora comissionado a evangelizar os gentios, novamente o povo explodiu em fúria, de modo que o comandante, confuso, mandou que o apóstolo fosse açoitado. Paulo então declarou ser cidadão romano, o que lhe favoreceu escapar à sanha do povo, e aos flagelos que lhe seriam impostos pela guarnição romana.

Paulo Perante o Sinédrio (23.1-10)
Como as acusações contra Paulo envolviam aspectos da Lei Judaica, Lísias, o comandante da guarnição romana, mandou Paulo à presença do sinédrio para ser julgado.

Diante do Sinédrio, Paulo se sentia de igual para igual. Olhando detidamente para o Conselho, dirigiu-se aos seus membros, chamando-os “irmãos” (v. 1). É provável que Paulo antes ocupara lugar entre eles; assim estava acostumado a tratar com procônsules, governadores, magistrados e outros líderes, tanto judaicos quanto gentios.

A Defesa de Paulo
Paulo não teve receio em declarar ao Conselho a sua convicção de estar fazendo a vontade de Deus. Face ao que Paulo dizia, o sumo sacerdote Ananias, mostrando-se enfurecido, mandou que batessem na boca de Paulo. A atitude de Ananias bem caracterizava a sua personalidade má e cruel. Tivera uma vida tormentosa. No ano 52 fora chamado a comparecer em Roma para um ajuste de contas nos negócios do seu governo, tendo, entretanto, se saído bem, agora encontrava-se no auge do poder. Paulo reagiu espontaneamente, com as seguintes palavras: “Deus te ferirá, parede branqueada” (v. 3).

Paulo estava sendo julgado como alguém que havia quebrado a Lei; mas o próprio Ananias contra a Lei mandava bater no apóstolo (v. 3). Mas alguém lembrou a Paulo que ele estava falando com o sumo sacerdote – era o “Sumo Sacerdote de Deus” (v. 4). Podemos notar que Paulo reconheceu ter errado; então disse não saber tratar-se do sumo sacerdote. Paulo estava, sim, disposto a respeitar a função, mas não o homem que a ocupava. (Ananias foi deposto mais tarde, no ano 58 ou 59, e no ano 66 d.C., foi assassinado).

Controvérsia sobre um Assunto Sério
Sem dúvida, Paulo viu naquele momento a oportunidade de comunicar a esperança em Cristo. Por outro lado, seus próprios acusadores não tinham a intenção de admitir que a causa real contra Paulo era outra. E Paulo, ousado, destemido, conseguiu conduzir o assunto de forma a gerar controvérsia doutrinária. Ele havia percebido, a esta altura, estar diante de dois grupos: os saduceus e os fariseus. Se ele pertencera ao Sinédrio, não desconhecia as divergências dos dois grupos quanto à doutrina da ressurreição, dos anjos e dos espíritos. Aproveitando-se desse conhecimento, Paulo afirmou que estava sendo julgado porque pregava a ressurreição dos mortos. É claro que sua afirmação provocou sério conflito entre os dois grupos! Então os fariseus vieram em seu auxílio. “E originou-se um grande clamor; e, levantando-se os escribas da parte dos fariseus, contendiam dizendo: Nenhum mal achamos neste homem e, se algum espírito ou anjo lhe falou, não resistamos a Deus” (23.9).

Um Julgamento Frustrado
A presença de Paulo entre os membros do Sinédrio, em nada contribuiu para solucionar o problema levantado contra o apóstolo. Assim sendo, o comandante da guarda que protegia Paulo, ainda confuso, dissolveu a reunião e mandou que Paulo fosse levado de volta à fortaleza. Sabedor, porém, que havia uma conspiração para exterminar com Paulo, ele mandou que levassem-no para Cesaréia, tarde da noite, protegido por uma escolta bem armada. Paulo estava sendo enviado para Félix, procurador romano da Judéia.

 

Fonte: O Livro de Atos, EETAD.


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"Qual cidade Paulo pregou a noite toda?" - Anônimo, 22 de Abril de 2018, Domingo, 14h47

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